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quarta-feira, 3 de março de 2010

BONS VENTOS DA MINHA VÁRZEA...

BONS VENTOS DA MINHA VÁRZEA...

Autor: João Maria Ludugero.

Eu atravesso
a Brasiliano Coelho de Oliveira
Eu Sinto aromas e ruídos.
Pressinto cheiro de esperanças novas no ar
Eu sinto o vento bater na minha cara
Eu sinto o mormaço do rio Joca a evaporar-se.

E venta que venta
ao sol do meio-dia a pino
Sopra o vento com toda força.
Eu ouço a cigarra a cantar ao longe,
Eu ouso um passo de dança ao ar livre
Eu invento, eu teço meus versos ao relento
Eu vejo nuvens se dissiparem no céu aberto
E o vento dos ariscos a sacudir a poeira.

Venta pela rua da pedra,
Apagam-se as velas do Cruzeiro.
Avivam-se as cercas verdes, pelos quintais a fora.
E em meio a tudo isso, eu observo Seu Antonio Ventinha
A tanger seus porcos prontos para o próximo abate.

Eu faço este poema trazido pelo vento-brisa,
onde as palavras rodopiam, driblam mata-burros.
As palavras seguem por recantos
de chão de terra molhada
por retiros de mato verde.
Eu me lembro de Seu Olival,
Eu me lembro de Dona Penha.

Eu me lembro do açude do Itapacurá
Eu bem me lembro das flores do Maracujá.
Eu vou junto com a ventania pelo Vapor a dentro.
E assim, suave como a brisa que passa eu me atiro
Com a leveza intensa do orvalho que fica
que nos remete a uma bonita ciranda.

Imagino quanta palavras,
pequenas ou não, o vento leva,
quantas ele traz direto ao meu poema.
Vento propício, lindo, profundo, forte.
Indo e vindo, melancólico, belo e favorável
A trazer boas novas!

Ventos inesperados de um novo tempo
Venha e venta assim um vento bom pela varanda
A abrir portas e janelas da minha Várzea.

Chega perto e vem feito vento bom a balançar
as tranças das meninas-moças, contentes
Venha desfolhar as palhas dos coqueiros
e das palmeiras de São Pedro apóstolo.

Ah, como eu gosto desse vento
que desalinha minhas palavras.
Vento que me atiça a memória, dando-me norte,
E nas entrelinhas bafeja meus versos
Evaporando pra longe a tristeza da vida.

Venta e traz ares mais puros
numa brisa amena, calorosa,
que avança pelas quatro bocas
das crianças saudáveis, espertas,
que pintam o sete na minha Várzea,
numa lição de amor que vira crença.

Vento que não desbota o verde-compromisso
Com o meio ambiente, com a natureza
Que bem começa no meio da gente.
Só pra o nosso bem-estar, bem-querer-viver,
apesar de toda aridez, apesar das pedras,
Só pra despertar, no meio de nós,
a alegria de ser varzeano, de fato.

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