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terça-feira, 16 de março de 2010

CAVALGADA

Autor: João Maria Ludugero.

Eu sei que sou moço bom
De linhagem de estirpe
Eu sou mesmo sangue bom,
Com toda modéstia.
Sou filho de Várzea
Gosto de cavalgadas,
Gosto de gente feliz,
de festejar a vida do meu lugar.
Gosto mesmo é de estar
Bem próximo à natureza,
Amansar meus bichos, com garra
domar meus receios e ir à luta.

Sou da terra do Calanguim, meu açude
Sou da laia de Joaninha Mulato
Sou da laia de Ana do Rego
Sou neto de dona Dalila Maria da Conceição
E afilhado de São Pedro, Apóstolo.
Eu sou filho de dona Maria Dalva
E Odilon Ludugero.

Quem mexe comigo, já sabe como é,
Não sou de pisar no calo nem de negar cafuné
Mas cuidado, desavisado camarada, fique atento,
pois se precisar, salto de banda e de lado,
Sou de dar nó em pingo d'água, driblo a sorte
E num piscar de olhos, faço da jia um pitéu
Melhor não pagar pra ver! Pode acreditar.

Também posso destilar venenos, se necessário.
Sou cobra de água salobra do rio Joca, não nego minhas origens,
Não fujo dos meus enredos, posso até perder a rima,
Mas não arredo o pé, tenho a mão pesada, tenho raízes
Se quer pagar para ver, cuidado, com a encruzilhada
Posso amarrar suas mãos, desarmar cabra da peste,
Só com a força do pensamento, dou rasteira na tristeza
Desbloqueio seus segredos, desato os nós sem cortá-los
Sou filho de Santa Bárbara, não tenho medo de invernada,
Muito menos de trovão ou do raio que o parta.

O rio que trago no peito não é efêmero
É caudal de sofrimento e de Amores
Que seguem entre secas e cheias,
Mas não arrastam minha alma a cavalgar
nas torrentes de águas turvas!

Na Várzea onde me acho sou feliz
Viro rio, volto a ser riacho, eu sigo
Se for preciso eu ataco, eu consigo
Sou rocha irregular, sou pedra
Quebro-me em outras tantas pedras
Para aprender me virar, viro Seixos.
E a vida continua a me levar... Seixos
Rio acima rio abaixo, rio arriba
Rio que descamba até encontrar o mar.
Eu sou Vapor, vou às nuvens e faço a chuva cair!

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