PARA SEMPRE, VÁRZEA!
Autor: João Maria Ludugero.
Se acaso eu morrer do coração,
Não fique triste não chore a minha partida.
Eu vivi, eu tive tudo o que sempre quis
Eu vivi de verdade a vida mais bonita.
Por isso mesmo, acredite, eu fui feliz!
Eu tive tempo e ele foi precioso
Eu fui preciso, eu aprendi a ver as coisas simples
Eu aprendi a conversar com a paisagem,
E os ventos, as folhas, o açude do Calango nunca me silenciaram!
Se acaso eu morrer do coração
E os céus chorarem águas na minha despedida,
Veja que serão as lágrimas de São Pedro apóstolo
A mostrar que a natureza tem seus olhos d'água
Que se debulham a chorar de felicidade,
Por alguém que viveu intensamente, não apenas vegetou.
Se o sol se eclipsar, e as aves, nesse dia, não cantarem;
Não fique triste, amanhã renascerei
com os primeiros raios do sol
E vestirei o dia de cores brilhantes,vivas, intensas.
Eu pintarei uma tela gigante com a minha cara de contente,
Porque continuarei vivo e presente no coração de cada varzeano.
Com a minha ida, não haverá um vácuo no tempo,
Ficarei repleto em cada sorriso,
dando alegria a um magote de gente,
Pois tristeza é rima fácil
e pouco sentida em meus versos simples.
Não tenho tempo pra chorar feito um réu lastimoso.
Confesso, a vida é boa demais pra mim, sou um ser abençoado,
Nasci na terra de Joaninha Mulato, grande mulher varzeana
Que um dia se foi, mas deixou seu exemplo
e um legado de fé na vida, esperança e Amor.
Desde logo antecipo, com toda modéstia,
Quero que minha ausência possa ser sentida
Em lugares por onde se alastre a minha poesia.
Queria estar presente no meio dos seus livros, de fato.
Eu queria ver minha gente a ler meus versos,
sentir alento em meus poemas, entender-me, falar de mim.
Queria ver minha gente pra frente, sonhando acordada
com a crença de que Várzea é mesmo uma dádiva, uma bênção.
Se acaso eu morrer do coração,
permanecerei mais vivo do que nunca, acredito.
Levarei o deslumbre e a poesia do teu sorriso.
Verás meu rosto em todos os lugares, nos ariscos, nos seixos, nos retiros
Nas pedras, nos lajedos, nas lagoas, no Vapor, nas nuvens,
Nas flores e até mesmo nas águas verde-musgo do açude do Calango.
Tua lembrança, minha Várzea das Acácias, tua alma estará comigo.
Quero que saibas disso: Eu te amarei sempre, até depois da vida!
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