CORAÇÃO AGRESTE
Autor: João Maria Ludugero.
O tempo passa, a ferrugem emperra as catracas
As portas rangem ao se abrirem ao vento
Eu destravo trancas, ferrolhos e tramelas
Eu abro todas as janelas para o sol entrar.
Por um instante eu sonho acordado,
Eu fecho os olhos e me vem à mente um filme
Um magote de meninos a correr pela vargem
atrás dos borregos e dos cabritos
E a minha alma desgarrada ovelha
Segue sua sina a trilhar estradas de chão
A sentir o cheiro da terra molhada,
A sentir o aroma das flores silvestres
A percorrer o leito seco do rio Joca
A repousar junto com o sol na sua areia morna.
E segue em paz meu coração agreste, nunca morno
Porque tenho o sangue quente, vertente de amores
Porque sou aquele eterno menino da Várzea
Que não desatina ao seguir seu destino, sua sina.
Porque trago no peito não uma ferida de saudades,
Mas a marca perene de viver a vida contente,
Com a certeza de que sei muito bem, de fato,
o que signifca a felicidade de ali ter nascido
E ter bebido das águas do açude do Calango!
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