UM MAGOTE DE CABRAS DA VÁRZEA-RN,
por João Maria Ludugero.
A minha infância foi boa
Dela não sei reclamar
Não reclamo
Por que fui feliz
Com os passarinhos
Percorri a nua Vargem
Conheci de perto o Vapor,
O sítio e seus semi-áridos
Caminhos...
Senti o cheiro do mato
Pisei em terra molhada
Comi gravatá, umbu, pitomba
Manga, mangaba,
Jatobá e jenipapo,
Além de outros frutos
Espalhados
Pelas trilhas agrestes
Aonde corríamos sem medo,
Serelepes,
Eu e outros
Cabras da peste
Fugia pra tomar banho
Com os amigos, ou sozinho
Bem ali na cachoeira dos Damas
Bem na cheia do rio Joca,
Ou no riacho da Cruz
Chupei muito caju
Tirado no pé a gosto
Ao alcance da mão
Arregacei as mangas
Trepei no pé de coco
Comi coco-catolé
Ralado na própria quenga
Bebi muita água de coco-verde
Ali no Maracujá,
Terra de muita pitanga,
Graviola, tamarindo e cajá-manga
Andei pelos ariscos
De Virgílio, dos Marreiros
Visitei o Itapacurá das pitombas
Junto com Picica de Xinene Paulino
E Quincas de Pedro Zabé
Desarmei fojo pra preá
Desarmei arapuca
Desarmei alçapão
Desarmei laços...
Lá com meus anzóis,
Pesquei com landuá,
Tintim por tintim,
Dei de cara com os carás
Enchi meu samburá
Lá no rio de Nozinho...
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