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domingo, 29 de dezembro de 2013

UM MAGOTE DE CABRAS DA VÁRZEA-RN, por João Maria Ludugero

UM MAGOTE DE CABRAS DA VÁRZEA-RN,
por João Maria Ludugero.

A minha infância foi boa
Dela não sei reclamar
Não reclamo
Por que fui feliz 
Com os passarinhos
Percorri a nua Vargem
Conheci de perto o Vapor, 
O sítio e seus semi-áridos
Caminhos...

Senti o cheiro do mato
Pisei em terra molhada
Comi gravatá, umbu, pitomba 
Manga, mangaba,
Jatobá e jenipapo, 
Além de outros frutos 
Espalhados
Pelas trilhas agrestes
Aonde corríamos sem medo,
Serelepes, 
Eu e outros
Cabras da peste

Fugia pra tomar banho
Com os amigos, ou sozinho
Bem ali na cachoeira dos Damas
Bem na cheia do rio Joca,
Ou no riacho da Cruz

Chupei muito caju
Tirado no pé a gosto
Ao alcance da mão
Arregacei as mangas 
Trepei no pé de coco
Comi coco-catolé
Ralado na própria quenga
Bebi muita água de coco-verde
Ali no Maracujá,
Terra de muita pitanga,
Graviola, tamarindo e cajá-manga

Andei pelos ariscos
De Virgílio, dos Marreiros
Visitei o Itapacurá das pitombas
Junto com Picica de Xinene Paulino
E Quincas de Pedro Zabé
Desarmei fojo pra preá 
Desarmei arapuca 
Desarmei alçapão 
Desarmei laços...

Lá com meus anzóis,
Pesquei com landuá,
Tintim por tintim,
Dei de cara com os carás 
Enchi meu samburá
Lá no rio de Nozinho...

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