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sábado, 14 de dezembro de 2013

AMOR DE COLIBRI, por João Maria Ludugero


AMOR DE COLIBRI,
por João Maria Ludugero. 

Chega o teu bico ao meu bico e aspira, amiúde, 
o perfume que me anima o peito, o silêncio da raiz, 
do incenso, da candeia luminosa a fender o hialino cristal. 
Encanta, se quiseres, mas não canta em surdina. 
Despertes o colibri que dorme no meu peito. 
Ele sonha contigo e esvoaça pela Várzea a dentro dos jasmins. 
Não lhe sentes os adejares? 
São solenes e leves como as pontas dos dedos circulando 
o teu umbigo. Sentes, meu amor profundo? 
Chega o teu bico ao meu. assim, suave 
como a pétala que se dá ao vento, e que os teus olhos 
adormeçam sobre o ensejo, que sejam anjos a zelar, 
ou tiara divina, sobre teu corpo que me nina; 
embalança tuas asas nas minhas asas, em ritmo sereno. 
Dança em compassos de lã a dança pela Várzea das Acácias. 
O retoque do sangue contra o sangue, a alma dentro da flor, 
a onda contra o lajedo, e que os mistérios do prazer 
Convirjam em nós, no mais puro ânimo, timbrados 
pelos bicos auricolores sem segredo pelo vasto vão do interior.

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