AMOR DE COLIBRI,
por João Maria Ludugero.
Chega o teu bico ao meu bico e aspira, amiúde,
o perfume que me anima o peito, o silêncio da raiz,
do incenso, da candeia luminosa a fender o hialino cristal.
Encanta, se quiseres, mas não canta em surdina.
Despertes o colibri que dorme no meu peito.
Ele sonha contigo e esvoaça pela Várzea a dentro dos jasmins.
Não lhe sentes os adejares?
São solenes e leves como as pontas dos dedos circulando
o teu umbigo. Sentes, meu amor profundo?
Chega o teu bico ao meu. assim, suave
como a pétala que se dá ao vento, e que os teus olhos
adormeçam sobre o ensejo, que sejam anjos a zelar,
ou tiara divina, sobre teu corpo que me nina;
embalança tuas asas nas minhas asas, em ritmo sereno.
Dança em compassos de lã a dança pela Várzea das Acácias.
O retoque do sangue contra o sangue, a alma dentro da flor,
a onda contra o lajedo, e que os mistérios do prazer
Convirjam em nós, no mais puro ânimo, timbrados
pelos bicos auricolores sem segredo pelo vasto vão do interior.
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