FLOR-ESSÊNCIA DA ALMA,
por João Maria Ludugero
Mãe, querida Maria Dalva,
Vi-te ainda outro dia estrela,
E parecias ainda tão moça,
Apesar de todos os teus anos
Não sei bem dizer
Porque razão a imagem
Cimentou
No momento
Em que a tua voz me disse adeus,
Sem nem poder se despedir de mim
E agora que não te vejo aqui,
Com o peso da saudade,
Digo, de sentir nela:
Ele – o caminho
Elas – a vida/a morte
Fundiram-se
E sei, percebo neste instante,
Que essa fusão parece incabível,
Gerando o tempo e a distância
Em que a única coisa que fica
É a imagem congelada,
Desligada da voz solene…
E por mais que eu recorde depois da cerca-viva,
A bela senhora-menina que vi ainda outro dia
Tenho medo de manjar esse pronto adeus
(para onde foi a alma da flor em essência
quando a candeia queimou teu semblante?)
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