QUE NEM CARANGUEJO
Autor: João Maria Ludugero
O medo de amar
Impõe travas ao peito.
O coração encouraçado
Mais parece um caranguejo.
Anda de lado, debanda,
E para trás, com medo,
Só sabe recuar, recuar...
Convencido de que o tempo
Transmuda em nós o desejo,
Sigo na lida, avanço destemido,
Há dias em que imito o crustáceo,
Se há riscos, enfrento-me primeiro
Meto o pé na lama mangue a dentro,
Desengonçado, caranguejo-me. Por que não?
Recorro ao chão lamacento,
Nobremente ergo gesto evoluído.
Abro os olhos embaçados, miro longe,
Tenho nas mãos armadura espessa,
Me articulo para encarar o amor.
Depois do atoleiro, estou aprendendo
A me virar sozinho. Disposto, vou em frente,
Não fraquejo. Deixo vir os dias futuros, incertos,
A me virar sozinho. Disposto, vou em frente,
Não fraquejo. Deixo vir os dias futuros, incertos,
Com seus passos tenazes, sabe lá Deus!
Pois na arte do versejo, escudo-me.
Tenho lá as minhas manhas.
Sou forte, tenho traquejo,
Não vou mais encalacrar-me,
Comichando-me nos medos.
Amar de novo, eu consigo,
Afinal eu sou da terra
Do prudente desertor.
Ó meu caranguejo uçá,
Quero fazer como fazes,
Saindo do frio fosso da lama,
Careço lavar a alma,
De frente e verso,
E até pelo avesso, inteiro,
Quero aprender a ser forte.
Nas lutas do amor exposto,
Quero aprender contigo,
Amanhã não, hoje mesmo.
Empresta-me tua carapaça,
Pois no amor vou cravar as patas!
Se por acaso, chegar a perdê-las,
Tem nada não, é um meio de defesa.
Elas se regeneram,
Nascem outras no lugar.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirA metáfora não me parecia muito feliz...lol Mas deste lhe a volta. E de que maneira:)
ResponderExcluirMagnifico... Estou encouraçada!
ResponderExcluirBem desse jeito, precisando me liberdar!
^_^•
Descortinando os dias e quebrando a vidraça.
ResponderExcluirparabéns vc merece tudo de bom bjos
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