!MUNDO SUSPENSO: O NINHO DE CÔVO
(No dia nacional da Poesia, homenageio o Amigo R.B. Côvo)
Procurei saber o significado de Covo (ô)
Substancialmente: redil de pesca.
Achei pouco e resolvi acrescentar
Por minha conta outros termos,
Sem a pretensão de defini-lo,
Ou conceituar o que seja Côvo,
Apenas sério quis brincar um pouco.
Covo não provém de coivara
Nem lhe cabe a alcunha de coveiro,
Vez que o Côvo não enterra as palavras.
Ele as cultiva, lavrando-as letra por letra.
Ou até sem elas, ele concretiza poemas.
Logo, Covo é matéria, prima da cova
Aquela que se abre à semente
Que qualifica o leirão,
Que se abre no terreno
Fazendo nascer a fértil imaginação.
Cova não para receber corpos,
Mas quiçá para chamá-los
A querer mais que pão,
A soprá-los na carne viva
O sentido de mais valia:
Acima do ter está o ser
Antes que o ser do/ente.
Côvo cova aberta à prosa
Côvo é espaço aberto à poesia
Na lida, cria sua própria curva côncava
Cuia vista de cima cheia de água potável
Por quem a está bebendo;
Côvo é a forma da concha da ostra
Que recebe grãos de areia
E deles fabrica pérolas.
Curvo é o arremesso da bola
Cravada no cesto, é a mira
Enterrada é ponto certo
De qualquer lugar convertido
Dentro da linha da equação.
Do Equador é o feixe de luz
Que atravessa o marco zero.
Côvo é a forma do ninho
Que vigora o ovo.
É a cúpula do planetário
Vista de dentro.
Forma de alcova,
Côvo diz que o amor
É tal qual um troço, um cabra safado
Danado de troncho que sabe o que quer
Podendo ser zarolho ou cego,
Mas mudo ele não é, esse danado astuto,
Acaba num leito feito de amor sem moldura
Numa cópula sagrada: homem-poesia,
Nas tintas do Côvo, pintadas no verbo.
Curva pode ser a onda, o garrafão
Do surfe da vida em tubo ou drop,
Na manobra esperta radical
Seja calmaria ou turbilhão,
Aqui ou no cabo das tormentas.
Trazendo a maré boa,
Ele se curva, esperançoso,
Apenas
Estende a mão
Entra em cena
E se encanta, até vai junto,
E fica até mesmo quando
Fechada a encarnada cortina.
Côvo poderia ser corvo
Mas não é.
É sim, passarinho
Desses que não abandonam
O ninho. Anda, voa, vai e volta.
E mais, seu ninho de versos
É feito em árvore fincada
Bem enraigado na poesia.
Côvo é a seiva convale-essência
Que acaba curando a alma,
É o sangue que corre na veia
É a vida que não se estanca
Que não rima com covardia.
É cova cavada no peito,
É coração arqueiro
Aliado à flecha de cupido.
Pode ser anjo pendurado
No céu, na abóbada da igreja.
Mas, se num purgatório, iria prestar não:
De certo, fecharia as portas do inferno.
Covo é cova, abertura cavada no chão
Para receber sementes
Para plantar ávore
Lançar ideais,
Germinar ideias,
Fazer nascer um pé de Covo,
Um pé de coragem.
Fez-se o ninho.
Veio o ovo,
Nasceu Côvo.
E pra arrematar tudo,
Eu acabei tecendo este poema longo.
Há alturas na vida em que um homem fica sem palavras e no seu rosto quase principiam lágrimas. Obrigado, Ludugero. Foi das mais bonitas homenagens que alguma vez me fizeram. Nem sei como retribuir. Abraço.
ResponderExcluirLinda a homenagem! Ser amiga desde cara deve ser dificil!! Me canditato :D
ResponderExcluirLinda a amizade.. Feliz por vcs
http://manunatureza.blogspot.com/
Merecida homenagem ao Côvo, partilho do sentimento.
ResponderExcluirAbraço aos dois.
OA.S
Poeta João Ludgero,
ResponderExcluirQue maravilha! Me arrepiei. Olha isso aqui gente, que poema, que linha de pensamento abalizada, tudo! Eu queria que um dia alguém me fizesse um poema assim, mas nunca tive palavras que tocassem fundo minha alma desssa maneira. Achei sua poesia de um bom gosto inigualável, singular. Esse poeta João Ludugero é o cara. Grande, grande poeta! Não tenho palavras para expressar minha admiração por quem escreve assim. É mesmo um dom, e tudo parece que sai assim como fonte natural, jorrando livremente numa colossal cascata de palavras sensatas, bem organizadas, no contexto, a dizer muito, com a capacidade de deixar a gente com a alma lavada.
Fantástico! Feliz dia da poesia para você poeta!
Saiba que mereces muitos aplausos, pela magnitude com que escreves. Linda homenagem, uma exaltação à amizade! Gostei demais. Eu queria ter um amigo assim como você!!! Me ponha na fila, quero ser sua amiga. Abraço carinhoso.
Eudália Souto do Prado/USP
Bom Dia , Ludugero! Que alegria chegar aqui! Genial,esse poema.Meus cumprimentos ao poeta Côvo, pelo talento, e a você pelo bom gosto e esse gesto de amizade, gesto tão bonito e necessário no mundo de hoje.
ResponderExcluirUm abraço e parabéns pelo blog.
E.T. Muito obrigada por sua gentil visita e por seu generoso comentário.
E.T. Meus parabéns a você também pelo talento, poeta Ludugero,e pelo Dia do Poeta. Desculpe.
ResponderExcluirAbçs
agradecida pela visita e comnetário
ResponderExcluirAbraço
Que coisa lindaaaaaaaaaaaaa....
ResponderExcluirHomem! Vc encantou agora. R.B mereceu, com certeza, mas quem derramou as lágrimas negadas fui eu, boba que sou, apaixonada por meus amigos queridos...
E roubo de ti as palavras desse poema longo e posto no Diário da Kiro...
^_^•
Amei... ♥