Quero tecer um poema
Com jeito de mato,
Ter uma rede na varanda
Só pra me aninhar
No deitar do crepúsculo,
Espiando o pôr-de-sol,
Ouvindo o canto da juriti
E maravilhar-me
Com essas coisas simples,
Que só existem lá
Na minha casinha simples
De pau-a-pique,
Tão pobrezinha
Tão humilde,
Com seus jiraus,
Alguidares, bilhas e jarras,
Com suas panelas de barro
Assentadas no trempe,
Com seu forno à lenha.
Tão pequenina assim,
Mas quanto me faz bem estar
Na minha casinha do mato,
Fincada ali no meio da natureza.
E pra enriquecer ainda mais
Dá gosto ouvir o chuá
Do riacho do mel
Que brota do verde perto.
Sinto-me parte dele,
Ganhei jeito de mato,
Com cheiro de terra molhada.
Adoro ver a lua vespertina,
Que cedo desce ainda tímida
A fim de enamorar-me.
Não custa acrescer que a lua,
Vista da minha tapera,
É lua muito mais bela,
Toda na mira deste sonhador,
Brilha que brilha em frente do alpendre
Onde tem uma laranjeira em flor,
Ali no terreiro aonde ciscam
Galinhas poedeiras vigiadas de perto
Pelo possante e envaidecido galo,
Bem como assanhadas galinhas d'angola
Que fortemente cantam 'tô-fraco, tô-fraco',
Ao redor de onde pastam borregos e cabras.
A minha casinha tem paredes
Com reboco de taipa, é tão simplezinha.
Modéstia à parte, é ali que bem me atinge
Quase toda tarde, de pronto,
A tão sonhada felicidade,
Aquela que bonita desaba
Sobre minha cabeça, não nego,
Em forma de estrelas cadentes
Bem lançadas no firmamento,
Num céu que eu mesmo pinto.
Só em ler já me deu vontade de comer um frango à Caipira, tomar um pinguinha boa e deitar na rede com uma morena gostosa.
ResponderExcluirAbraços.
Muito bom isso aqui, gente. Fiz uma tremenda viagem pelo meu interior. Se o interior nos chama, vale a pena seguir suas verdes veredas. Adorei! Poeta você é magninânime!!!!Bjocas.
ResponderExcluirADORO CHEIRO DE MATO.
ResponderExcluirGOSTO DE PISAR ESTRADINHAS DE CHÃO
VOCÊ, COM ESTE POEMA, ME FEZ SENTIR UMA SENSAÇÃO MARAVILHOSA, COM GOSTO DAS COISAS SIMPLES DO INTERIOR. AMEI. JÁ ME TORNEI SUA FÃ DE CARTEIRINHA. HIPER ABRAÇO. LÍGIA MACHADO - SÃO PAULO
Tenho mais um selinho pra vc. passa lá e pega. Abraços
ResponderExcluirEstou sentindo o cheiro de mato. Bom demais...
ResponderExcluirAbraço
Poeta Joao Ludugerio, li e reli seu poema uns 100 número de vezes. Encantador. Eu moro em S. Paulo há muito tempo, mas sou do interior de minas, onde hoje minha avó Dina de Castro tem um sítio. De lá ela não arreda o pé, só quando for morar nas bandas lá de cima. Seu poema me deixou com muitas saudades de lá. Chorei de verdade, fiquei sensibilizada com suas palavras, seus versos simples e tão ricos. Amei de paixão este poema do interior. Deixa eu copiá~lo para guardar na minha mesa do escritório, junto com a foto da minha Vozinha amada. Valeu, poeta! Obrigado pela bela poesia, tão aconchegante. Um tesouro! Abraço carinhoso. Gláucia de Lourdes Castro Fernandes. S.Paulo/SP.
ResponderExcluir...nossa...senti até o cheirinho de terra molhada...e o fresco de uma brisa serena...rsrsrs..parabéns..bjs
ResponderExcluirQue casinha simples mas gostosa demais, humilde, rodeada de poesia e felicidade.
ResponderExcluirUm abraço
OA.S
O seu poema transmite cheiros, sensações, falas, emoções.
ResponderExcluirMuito bom!