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quarta-feira, 23 de março de 2011

QUE NEM CARANGUEJO
















QUE NEM CARANGUEJO
Autor: João Maria Ludugero

O medo de amar
Impõe travas ao peito.
O coração encouraçado
Mais parece um caranguejo.
Anda de lado, debanda,
E para trás, com medo,
Só sabe recuar, recuar...
Convencido de que o tempo
Transmuda em nós o desejo,
Sigo na lida, avanço destemido,
Há dias em que imito o crustáceo,
Se há riscos, enfrento-me primeiro
Meto o pé na lama mangue a dentro,
Desengonçado, caranguejo-me. Por que não?
Recorro ao chão lamacento,
Nobremente ergo gesto evoluído.
Abro os olhos embaçados, miro longe,
Tenho nas mãos armadura espessa,
Me articulo para encarar o amor.
Depois do atoleiro, estou aprendendo
A me virar sozinho. Disposto, vou em frente,
Não fraquejo. Deixo vir os dias futuros, incertos, 
Com seus passos tenazes, sabe lá Deus!
Pois na arte do versejo, escudo-me.
Tenho lá as minhas manhas.
Sou forte, tenho traquejo,
Não vou mais encalacrar-me,
Comichando-me nos medos.
Amar de novo, eu consigo,
Afinal eu sou da terra
Do prudente desertor. 
Ó meu caranguejo uçá,
Quero fazer como fazes,
Saindo do frio fosso da lama,
Careço lavar a alma,
De frente e verso,
E até pelo avesso, inteiro,
Quero aprender a ser forte.
Nas lutas do amor exposto,
Quero aprender contigo,
Amanhã não, hoje mesmo.
Empresta-me tua carapaça,
Pois no amor vou cravar as patas!
Se por acaso, chegar a perdê-las,
Tem nada não, é um meio de defesa.
Elas se regeneram, 
Nascem outras no lugar.

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. A metáfora não me parecia muito feliz...lol Mas deste lhe a volta. E de que maneira:)

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  3. Magnifico... Estou encouraçada!

    Bem desse jeito, precisando me liberdar!

    ^_^•

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  4. Descortinando os dias e quebrando a vidraça.

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  5. parabéns vc merece tudo de bom bjos

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