ARMAÇÕES DO AMOR
Suzana conjurou feitiços
Que aprendeu a fazer
Sem saber como.
Abriu fechou caminhos
Para amarrar o João,
Seu ex-namorado.
Feitiço para amar,
Trazê-lo de volta,
Conquistar e mantê-lo,
Por toda vida, sempre
Ao alcance da mão,
Dominá-lo, nem que fosse
Na marra, se precisasse
Até debaixo de vara.
Visitou dona Rosa Daiana, vidente,
Que jogou seus búzios, leu cartas,
Costurou, coseu, deu nó cego.
Lacrou tudo num só coração encarnado
Que pendurou no pescoço de Suzana.
Feito um patuá, onde alinhavou
Antigo retrato 3x4, em preto e branco,
Acreditando fosse a foto do amado João.
Simpatia feita, destino selado.
Para fechar o serviço acertado,
A crédula Suzana enterrou seu intento
Em lugar incerto e não sabido,
Pra não ter chance de arrependimento.
Foi numa sombra de encruzilhada
Que enfiou numa lata quase vazia
De leite ninho o supradito patuá,
Junto a uma cueca furtada na lavanderia
5 à Sec, onde João leva sua roupa suja.
Tinha que ser peça usada apenas uma vez,
No intuito de trazer seu homem
De volta, bem atado, no laço.
No ato da amarração,
Devido a urgência, na ânsia...
Coitada da Suzy!
Meteu os pés pelas mãos.
Esqueceu-se de que não havia
Antes esvaziado o leite em pó da lata,
Como fora prescrito pela quiromante.
Não percebeu, devido a pressa,
Que além de ter trocado a fotografia,
Houve um lapso: pegou a peça íntima errada.
Ao invés de pegar a foto
Do João, confundiu-se.
Afanou retrato e calcinha de Sofia.
Danou-se. E agora, Suzana, como
Desfazer toda trama, alinhar o novelo,
Se o patuá do trabalho viabilizado
Foi coisa feita na sobra do leite,
Em cima da irmã caçula do João, a tal Sofia,
Cagada e cuspida a cara do seu pretendido?
No final das contas, após a confusão,
Houve-se por bem acabar tudo em festa de família.
Suzana resolveu entender-se, numa boa, com Sofia
E ainda convidou um João satisfeito
Da vida, para apadrinhar o feliz casamento.
O enlace se deu na igreja do Universo Sem Preconceito.
Aproveitaram o ensejo para batizar Juan Victor,
O lactente que ganharam de presente,
Que pretendem adotar em nome de ambas,
Uma linda criança que foi deixada há poucos dias,
Bem no hall de entrada da casa do padrinho João,
Que continua sozinho. E nem ele sabe que traz consigo
Um corpo fechado, tão imune que altera e deforma feitiços.
lol
ResponderExcluirNada fácil humor e escárnio com amor...
Vou viciar:)
Caro poeta João Ludugero,
ResponderExcluirQue textos surpreendentes! Estou fascinado com sua originalidade ao escrever, num dinamismo que me deixou seu fã. Realmente nasceste com o dom da escrita inteligente, que prende a atenção que magnetiza a alma da gente, nos conduzindo dentro de um poema-pintura-cor-cheiros-ruídos... Que que isso! É demais. Queria poder escrever textos assim, confesso invejo esse seu jeito de dizer as coisas, com Puro encantamento e feitiço. Parabéns!
Ney Lopes de Alcântara Marcari
Professor de Sociologia - Brasília-DF.
Faz bem vir aqui e lê-lo, a cada dia melhor. Você, ó poeta, colore o sentir, dar um sentido maior às palavras. É mesmo de lhe tirar o chapéu e dizer: és o máximo! Adooooro seus poemas, viu? Hiper abraço,
ResponderExcluirDayse de Paula Barreto - Sorocaba.
Ó, QUANTA ALEGRIA VIR AQUI E ME DELICIAR COM SUA POESIA, SEM IGUAL. AMO SEU SITE DE PAIXÃO.
ResponderExcluirBEIJAÇO. LOL. MARINA RIOS - UBERABA-MG.
Hechizos de amor, me gusto mucho. Saludos.
ResponderExcluirCaracas... Fikei arrepiada!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluir:D