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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

DISTINTO ASSANHAMENTO PELA VÁRZEA A DENTRO, por João Maria Ludugero





 
DISTINTO ASSANHAMENTO PELA VÁRZEA A DENTRO,
por João Maria Ludugero

Várzea, aonde foi seu príncipe encantado
Onde será que foi se aninhar seu bem-te-vizinho
Onde está encantado o seu bem-querer
Que pela demora se alojou nalguma gaiola
Alguém que me explique tal afronta
Um eterno não agora me endoidece fora do alçapão,
Que faz padecer meu astuto coração de menino João maduro
Pelo atraso do meu arteiro sabiá, pelas bermas do destino agreste,
Além do sítio de Zé Canindé ou dos cajás-mangas do Maracujá,
Além dos cajueiros do sítio do Umbu,
Além dos feijões, das pimentas, do milho e da fava
Lá do Itapacurá das pitombas de dona Julieta Alves,
Lá da sagrada seara de dona Zefinha de Tio João Pequeno
Além dos carregos de tantas mangas rosas, espadas e bacuris,
Bem lá pelo chão-de-dentro das patativas dos Ariscos de Virgílio Pedro,
Além das macaxeiras e das paçocas dos Seixos de dona Santina,
Além dos Gravatás, da Vertente verde-musgo dos lajedos das Formas,
Além da seara do Gado Bravo a nos assanhar até os pelos da venta,
Sem nenhum medo da cuca esbaforida solta pela beira do açude do Calango ou a caminho da Lagoa Comprida de Seu Plácido Nenê Tomaz de Lima...
Será que encontrou dona Ana Moita que está a lhe curar os quebrantos,
Ou para que ele seja cuidadoso e peça para que afaste seus encostos
Para não se perder de novo pelos caminhos do Vapor de Zuquinha,
A pegar carona num tal carro encantado
que transportou a mulher que chorava
pelas altas horas da lenda que assombrava
Os habitantes da Várzea de madrinha Joaninha Mulato,
Chegando a assanhar até mesmo os pelos da venta
Pelas quatro-bocas escancaradas da rua Grande,
Antes de se achegar debaixo das duas verdejantes palmeiras imperiais
De São Pedro Apóstolo padroeiro, a renovar as nossas esperanças...
Quem sabe, possa meu pintassilgo ou tetéu se engraçar de vez
Por uma sabiá qualquer curiosa feito o astuto e estranho curió
No encalço de um sanhaço só seguindo o voo do galo-de-campina...
Se for assim, no caso do sumiço do mais estranho sebito,
Se isso aconteceu a correr dentro e voar alto, amigo,
Saiba que um carcará é bem mais manso do que eu
Feito um afoito tetéu a procurar sua patativa do brejo...
Onde será que foi parar meu arrepiado periquito?
Onde está inserido meu encantado canário-da-terra,
Que pela demora já virá acompanhado pelo azulão
Que bicou o habite-se do oficioso João-de-barro,
Depois de tantas aventuras em solenes cantigas,
Além das águas e das cacimbas do rio Joca...
E a mamãe andorinha disse que um dia ela viria.
Papai feliz que ela não chegou ao lusco-fusco...
Vovó que eu escolhesse qualquer um ao arrebol,
Que fosse criatura menos rabugenta, cheia de rusgas e atrevida
Do que foi o meu avô passarinheiro da Várzea de Ângelo Bezerra.
Titia guiné ou galinha d'Angola matuta muito diferente, pois assim,
Num destemido tô-fraco, sem a dada compostura de se sentir nela,
Dizia-me toda bem-misteriosa que casou consentida com a solidão,
Mas todos que conheceram a danada elogiam o pitéu da enxerida.
Disse-me, um dia, Tica do Mel que até não foi por falta de opção,
Ela costumava cair em danadas doidices de excitante encantamento
E perdia a bendita rota de voltar para sua antiga casa varzeana
Quando fantasiava dentro dos sonhos acordados de quebra,
Não se arrependia de nada, nem tinha medo da prole advinda,
Pois estava bem-apanhada na vida, sob a proteção de São Pedro Apóstolo, padroeiro das nossas velhas e renovadas esperanças!

Um comentário:

  1. Bonjour,

    Une publication très intéressante... Merci pour le partage.
    Gros bisous ♡

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