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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

SÉRIE: ETERNA VARZEANIDADE, por João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÉRIE: ETERNA VARZEANIDADE,
Autor: João Maria Ludugero

Eu, João maduro Ludugero,
Sou arteiro sou menino medonho
Sou poeta astuto levado da breca
E vou ficar em acordes de sonhos,
Pra ver o que acontece de repente
Nessa tarde de domingo que me nina

Congela o tempo pr'eu ficar entretido
Com as coisas que eu gosto lá da Várzea
E que eu bem sei que são efêmeros potes
De fantasias que passam iridescentes
Que acabam, se despedem ao Vapor
Mas eu nunca amorteço essa dor
Mas eu nunca esqueço.desse amor,
Apesar de trazer o coração partido,
Eu não tenho medo da cuca esbaforida,
Eu sou mesmo de assanhar até os pelos da venta...

Bem apanhado como se estivesse
Lá na beira do açude do Calango,
Vou ficar mais um pouquinho na infinda peleja
Só pra ver se eu aprendo alguma coisa com afinco
nessa parte do caminho da Várzea de Ângelo Bezerra.

Hibisca dobrado o tempo pr'eu ficar mais sossegado
Com as coisas que eu gosto de manjar na estação
E que, diga-se, de passagem, não são efêmeras
E que são bem alaranjados mulungus em flor,
Inacabáveis apesar da atrocidade ao vão do estio
Mas sempre pedem um tipo de recomeço aos céus...

Vou ficar mais um pouquinho, eu vou
Pelas quatro-bocas da rua Grande,
Vou formar uma roda de conversa
Lá na praça do encontro Cleberval Florêncio,
Lá de fronte para o Recanto do Luar de Raimundo Bento...
Vou ficar mais um bocado contente
Para ver se acontece alguma coisa
Lá na padaria de Seu Plácido Nenê Tomaz de Lima.
Ou vou jogar uma sinuca para alegrar mais uma tarde de domingo,
Que seja lá no Seu Otávio Gomes de Moura
Que seja lá no Salão de Seu Lula, marido de dona Júlia Rosa,
Inesquecíveis pais de Seu Severino 'Silva' Florêncio Sobrinho,
Ou vou beber um delicioso caldo-de-cana caiana ou curimbatória,
Lá no bar do Seu Biga, pai da Edilza Gomes do Rego,
Ou vou comprar um Biotônico Fontoura lá na Farmácia
Do animado Seu Geraldo 'Bita' Anacleto de Souza,
Ou vou dar mais de setecentas pedaladas nas bicicletas
De Zé de Estevão até achar a saída para o Maracujá, o Umbu,
Quem sabe, até o sítio de Zé Canindé colher um paiol de macaxeiras ou Um caçuá de batata-doce, sem esquecer de assar as castanhas de caju
Que a gente ganhou lá no Arisco de Virgílio Pedro, após chupar um balaio
De mangas, de imenso carrego entre mangas-rosas, bacuris e espadas.
Quiçá, vou mesmo é dar um pulo até o Itapacurá de Tio João Pequeno,
Comer tapiocas, beijus, paçocas de carne-seca na cebola-roxa, estrelar
Ovos-caipiras fritos na manteiga-de-garrafa, dentre tantas temperanças
Na cozinha de dona Zefinha, fazedora do mais gostoso cuscuz de milho-zarolho, após degustar tantas e quantas pitombas no sítio de dona Julieta Alves, avó da amiga Edileusa Cunha...

Não só de manjar na lida, sem esmorecimento,
Por isso vou ficar mais um pouquinho avexado
Para ver se eu aprendo alguma coisa varzeana.
Bem fico a martelar pelas bermas do caminho,
Sempre inventando um certo tipo de recomeço
Que me levam num bornal tão cheio de sonhos
A andar, a correr dentro e voar alto pela seara
dos inesquecíveis Madrinha Joaninha Mulato,
dona Rosália Fernandes e Cirineu Gomes do Rego!

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