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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

POEMA EM RECORDANTES AÇOITES DE VARZEANIDADE, por João Maria Ludugero

 
 
 
 
 

POEMA EM RECORDANTES AÇOITES DE VARZEANIDADE,
por João Maria Ludugero



Essa taipa esquecida
Nos confins desse agreste
Guarda uma história de vida
De saudade e de paixão.
Um juazeiro verdejante
Lá para as bandas do açude do Calango,
Um mulungu em flores alaranjadas,
Uma roça de milho, fava e feijão de arranca,
Mandiocas, quiabos, melancias, jerimum, gergelim,
Manivas de macaxeiras,
Um pé de côco gigante,
Jasmim-manga florescido,
Cajá-manga brotando no Maracujá,
Dentre tamarindos, cajus, jacas e cajás
Pitangas e doces canas-curimbatórias
Lá pras bandas das Formas, dos Gravatás,
Pelo Retiro e Ariscos até chegar ao Umbu,
Onze-horas em colorida animação
Um lajedo em verde-musgado do tempo aos Seixos,
Uma horta de cebola, coentro, tomate e pimentão...
Um mamoeiro brotando, canas-caianas crescendo,
Pés de alecrim, malvas, roseiras, pimentas malaguetas,
Tomates verdes e encarnados, ervas-doces, juncos,
Beldroegas, fedegosos, louros, marmeleiros e manjericão...

Xibimba e Craúna ficavam como vigilantes
Pastorando seus arranjos na enxada afiada,
Lá na beira do rio Joca
Uma cacimba azulada,
Uma lata de óleo Benedito
Tinge a água baldeada
A encher aquela velha lata de Kerosene,
Onde bebem os antigos malassombros
Lá da amada Várzea dos Caicos!

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