POEMA EM RECORDANTES AÇOITES DE VARZEANIDADE,
por João Maria Ludugero
Essa taipa esquecida
Nos confins desse agreste
Guarda uma história de vida
De saudade e de paixão.
Um juazeiro verdejante
Lá para as bandas do açude do Calango,
Um mulungu em flores alaranjadas,
Uma roça de milho, fava e feijão de arranca,
Mandiocas, quiabos, melancias, jerimum, gergelim,
Manivas de macaxeiras,
Um pé de côco gigante,
Jasmim-manga florescido,
Cajá-manga brotando no Maracujá,
Dentre tamarindos, cajus, jacas e cajás
Pitangas e doces canas-curimbatórias
Lá pras bandas das Formas, dos Gravatás,
Pelo Retiro e Ariscos até chegar ao Umbu,
Onze-horas em colorida animação
Um lajedo em verde-musgado do tempo aos Seixos,
Uma horta de cebola, coentro, tomate e pimentão...
Um mamoeiro brotando, canas-caianas crescendo,
Pés de alecrim, malvas, roseiras, pimentas malaguetas,
Tomates verdes e encarnados, ervas-doces, juncos,
Beldroegas, fedegosos, louros, marmeleiros e manjericão...
Xibimba e Craúna ficavam como vigilantes
Pastorando seus arranjos na enxada afiada,
Lá na beira do rio Joca
Uma cacimba azulada,
Uma lata de óleo Benedito
Tinge a água baldeada
A encher aquela velha lata de Kerosene,
Onde bebem os antigos malassombros
Lá da amada Várzea dos Caicos!
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