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domingo, 22 de fevereiro de 2015

POTÁVEL E INFINITA VARZEANIDADE, por João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 

 
POTÁVEL E INFINITA VARZEANIDADE,
por João Maria Ludugero

Nosso amor é potávelComo é doce a água pura do Riacho do Mel

E tudo quanto espairece e renova as esperanças
E vive além do tempo da praça do Encontro Cleberval Florêncio.
Minhas bermas são outros caminhos além das Formas,

Os teus caminhos são luz que eleva aos Seixos e à Lagoa Comprida
E dão a volta ao Gravatá, além de outras vertentes varzeanas
Quando se enlaçam sem medo da cuca esbaforida
Até se tornarem alvorecido agreste potiguar.
E eu sofro por te varzeamar a contento
Depois de te varzeamar para não sofrer,
Na tentativa de amortecer as dores da saudade,
Sou mesmo de assanhar até os pelos da venta.

E, não só de passagem, toco-te contemplativo,
Para deixares de ter encosto por paixão, a andar,
A correr dentro e a voar alto, sem sombra de ais
E o meu corpo se adapta em habite-se, renasce
Quando se extingue no amor a nos firmar completos,
Em feliz idade nova, um lugar, uma cidade, a varzeanidade,
E respiro em ti, ó seara de madrinha Joaninha Mulato,
Para não me sufocar ao esbugalhar o vão da saudade
E espreito em varzeanidade esse clarão sem alarido
Para não me cegar, mas acordar ao arrebol da tarde amena,
Lusco-fuscando meu torrão consentido em cantiga que me nina,
Ensolarando pois minha tremenda dama-da-noite alvorecida.

Tu me bebes feito cachaça que dura,
Disposta no alpendre do Novo Retiro
E eu me converto na tua sede etílica
Meus lábios mordem tua língua,
Meus olhos beijam as açucenas,
Minha pele te veste de volta-ao-mundo
E ficas ainda mais despida criatura.

Quisera eu ser tu, astuto bem-te-vizinho ao jasmim-manga
E em minha varzeanidade ser a tua própria espera.
Mas eu me aninho em tua rede ao Vapor do agreste,
Quando apenas queria dormir em ti, tal sanhaço só...
E sonho-te acordado, afoito, levado da breca e eufórico,
Quando ansiava ser apenas um afoito quero-quero tetéu,
A fim de assanhar de novo até mesmo os pelos da venta!

E sebito, esvoaço as mais puras sementes,
Para em mim mesmo te plantar, ó Várzea,
Menos que colibri em flor: suave perfume,
Convertido em pétala pelo chão-de-dentro.
Teus olhos marejando os meus olhos d'água
E a vida a transbordar de saudades sem jeito,
Vai galgando o paredão do açude do Calango
Até tudo ser Vapor, a partir da Vargem extinta,
Num intento que só há depois do VARZEAMAR...

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