ARQUIVO VIVO NUM CAÇUÁ DE PRESENTE:
A PLENA VARZEANIDADE PASSADA A LIMPO,por João Maria Ludugero
Ser poeta a correr dentro desse mundorequer muita coragem. Muita ação.Dia-após-dia, todo santo dia tudo tanto quanto.Esse jeito de manjar além dos olhos, de sentir além dos ouvidos,de ver a textura do sentimento alheio clarividente no próprio coraçãoe tantas vezes até fazer a cuca esbaforida doer ou sorrir junto com toda varzeanidade, feito galinha d'Angola a soltar seus destemidos tô-fracos.Essa sensação, de ser pleno, a esbugalhar os seixos verde-musgados de uma vez, ser varzeano com afinco, sem se avexar por não saber falar outra língua, de se afoitar aos ariscos dispostos pela Várzea de Ângelo Bezerra, uma espécie de sobrevivente de uma seara agreste.Essa intensidade toda em tempo de ternura nunca minguada.Esse amor tecido tão vívido pelo chão-de-dentro do açude do Calango em que a maioria nunca parece se assustar com o afeto disposto e tão à disposição como era bem visto e acompanhado pela delicada dona Rosália Fernandes do Rego e seu marido Cirineu Gomes do Rego, que tinham todo um cuidado espontâneo com os outros da sua Várzea de Joaninha Mulato. Numa vontade tão pura de que ninguém sofresse por nada. Essa dedicação, esse cuidado de auxiliar o próximo por saber, com nitidez, como se parte um coração, e como dói se sentir exausto, ferido em não poder ajudar e colaborar com abnegada atenção com a vida de seus conterrâneos na lida.Daí, então, descobri que ser sensível pelas bermasdesse mundo requer muita coragem. Muita. Todo dia.E são tantas as saudades, que às vezes fazem a alma marejar, e transbordam pelos olhos d'água, de um lugar no agreste potiguar que bem se sabe onde é, que existe, é bem claro que existe e, mormente, faço questão, de exaltar ao escrever minha singela poesia acerca do liberto vão da seara do inesquecível Geraldo Anacleto de Souza, o Bita Mulato, mestre-feitor dos animados 'anarriês' das quadrilhas juninas na Várzea de Joaquim Rosendo, chefe das pastorinhas dos cordões azul e encarnado perante a abençoada terra do bumbante boi-de-reis de Mateus Joca Chico e do mamulengueiro João Redondo de Pedro Calixto, relembrado pelo saudoso professor Deífilo Gurgel e pela ávida, ilustre, nobre e digna professora Gabriela Pontes, inconteste e abnegada coordenadora dos veios vertentes da cultura varzeana.Essa varzeanidade de se escrever e experimentar amortecer a dor, é um possante cordão real alinhavado quando a saudade me chega, com a mesma verdade com que experimento a alegria quando me atrevo a quebrar o bendito pote da fantasia, sem medo ou receio da cuca esbaforida.Essa varzeanidade de se admirar com o encanto grandioso que também mora na sutileza do engenho poético desse menino João maduro Ludugero levado da breca, essa vontade de espalhar buquês de jasmim-manga e sorrisos por aí, porque os poetas, por mais que chorem de vez em quando, não deixam adormecer a ideia de um relicário que possa acordar sorrindo ou encantado ao ouvir a cantiga do sanhaço só a bicar o fruto do mamoeiro, do galo-de-campina, do pintassilgo, da patativa, do canário-da-terra ou do anum sobre o ninho no verdejante juazeiro ou do astuto bem-te-vizinho agasalhado sobre o mulungu em alaranjadas flores dispostasna seara varzeana de Ângelo Bezerra.
E assim sendo, pra toda gente, pra todo tanto quanto tudo ser. Pra toda vida. Eu até já tentei ser diferente, por medo de doer, mas não tem jeito: só consigo ser igual a mim, Ludugero desde que me entendo por Ludugero desde a velha infância aos dias atuais, onde mantenho acesa a coivara das minhas letras a versar na peleja da poesia que invento, que, sem sombra de dúvidas, muitas vezes, chega a me assanhar até mesmo os pelos da venta.
A PLENA VARZEANIDADE PASSADA A LIMPO,por João Maria Ludugero
Ser poeta a correr dentro desse mundorequer muita coragem. Muita ação.Dia-após-dia, todo santo dia tudo tanto quanto.Esse jeito de manjar além dos olhos, de sentir além dos ouvidos,de ver a textura do sentimento alheio clarividente no próprio coraçãoe tantas vezes até fazer a cuca esbaforida doer ou sorrir junto com toda varzeanidade, feito galinha d'Angola a soltar seus destemidos tô-fracos.Essa sensação, de ser pleno, a esbugalhar os seixos verde-musgados de uma vez, ser varzeano com afinco, sem se avexar por não saber falar outra língua, de se afoitar aos ariscos dispostos pela Várzea de Ângelo Bezerra, uma espécie de sobrevivente de uma seara agreste.Essa intensidade toda em tempo de ternura nunca minguada.Esse amor tecido tão vívido pelo chão-de-dentro do açude do Calango em que a maioria nunca parece se assustar com o afeto disposto e tão à disposição como era bem visto e acompanhado pela delicada dona Rosália Fernandes do Rego e seu marido Cirineu Gomes do Rego, que tinham todo um cuidado espontâneo com os outros da sua Várzea de Joaninha Mulato. Numa vontade tão pura de que ninguém sofresse por nada. Essa dedicação, esse cuidado de auxiliar o próximo por saber, com nitidez, como se parte um coração, e como dói se sentir exausto, ferido em não poder ajudar e colaborar com abnegada atenção com a vida de seus conterrâneos na lida.Daí, então, descobri que ser sensível pelas bermasdesse mundo requer muita coragem. Muita. Todo dia.E são tantas as saudades, que às vezes fazem a alma marejar, e transbordam pelos olhos d'água, de um lugar no agreste potiguar que bem se sabe onde é, que existe, é bem claro que existe e, mormente, faço questão, de exaltar ao escrever minha singela poesia acerca do liberto vão da seara do inesquecível Geraldo Anacleto de Souza, o Bita Mulato, mestre-feitor dos animados 'anarriês' das quadrilhas juninas na Várzea de Joaquim Rosendo, chefe das pastorinhas dos cordões azul e encarnado perante a abençoada terra do bumbante boi-de-reis de Mateus Joca Chico e do mamulengueiro João Redondo de Pedro Calixto, relembrado pelo saudoso professor Deífilo Gurgel e pela ávida, ilustre, nobre e digna professora Gabriela Pontes, inconteste e abnegada coordenadora dos veios vertentes da cultura varzeana.Essa varzeanidade de se escrever e experimentar amortecer a dor, é um possante cordão real alinhavado quando a saudade me chega, com a mesma verdade com que experimento a alegria quando me atrevo a quebrar o bendito pote da fantasia, sem medo ou receio da cuca esbaforida.Essa varzeanidade de se admirar com o encanto grandioso que também mora na sutileza do engenho poético desse menino João maduro Ludugero levado da breca, essa vontade de espalhar buquês de jasmim-manga e sorrisos por aí, porque os poetas, por mais que chorem de vez em quando, não deixam adormecer a ideia de um relicário que possa acordar sorrindo ou encantado ao ouvir a cantiga do sanhaço só a bicar o fruto do mamoeiro, do galo-de-campina, do pintassilgo, da patativa, do canário-da-terra ou do anum sobre o ninho no verdejante juazeiro ou do astuto bem-te-vizinho agasalhado sobre o mulungu em alaranjadas flores dispostasna seara varzeana de Ângelo Bezerra.
E assim sendo, pra toda gente, pra todo tanto quanto tudo ser. Pra toda vida. Eu até já tentei ser diferente, por medo de doer, mas não tem jeito: só consigo ser igual a mim, Ludugero desde que me entendo por Ludugero desde a velha infância aos dias atuais, onde mantenho acesa a coivara das minhas letras a versar na peleja da poesia que invento, que, sem sombra de dúvidas, muitas vezes, chega a me assanhar até mesmo os pelos da venta.
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