DO AGRESTE POTIGUAR,
por João Maria Ludugero
Deixe que o vento leve
o que não tem mais lugar
a andar aos solavancos,
a correr dentro, a voar alto,
a assanhar até mesmo os pelos da venta...
Deixa pra lá do jasmim-manga:
mágoas, angústias, receios, rancores.
Deixe que a ventania lhe despenteie a cabeleira,
desarrume a rotina, esbugalhe a mesmice,
desafie até mesmo a cuca esbaforida ao estio.
Deixe as sandálias do lado de fora dos Seixos
ou dos Ariscos de Virgílio Pedro,
traga novos caminhos para dentro de si.
Replante manivas, colha pitombas, jatobás,
gravatás, tamarindos, mangas, jabuticabas,
cajás, cajus, jacas, pitangas,
sementes de dias melhores,
colha seus frutos, ignore os espinhos
e afaste até as ervas-daninhas
do interior do seu coração.
Pape os jerimuns, chupe as melancias e os canapus,
abra a porta para o rumor que se aproxima
e dispare a sentir que é a felicidade
quem está chamando além das cancelas dispostas
pelo agreste da Várzea das Acácias
de Madrinha Joaninha Mulato,
seara de São Pedro Apóstolo Padroeiro!
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