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quarta-feira, 24 de março de 2010

O SÍTIO DO VAPOR


A RODA DO TEMPO

um flamboyant
de flores laranjas-jerimum
no quintal
laranjeiras e limão-galego
flores pelo chão
do pomar-jardim
Capim-santo,
pimentas de cheiro,
erva-cidreira e alecrim.
Um carro encantado
morreu
lá pras redondezas
do Vapor de Zuquinha
ali ó,
havia uma casa
de farinha de mandioca

agora
As ruínas dão as caras
ali onde também havia um curral
ê, boi!
tempo bom de bem-te-vis
e canários de chão
que rumaram
lá pras bandas do rio Joca
tempo bom que se foi
e o galo de campina
de colarinho encarnado
ainda dá as caras
e completa a beleza
que ainda insiste em ficar ali
naquele refúgio encantado
e o carro misterioso
tranvanvan van van...
pegou
no longe o vi ainda
preto cor de breu
e soltando fumaça
pra dentro do túnel de lembranças
pra fora da boca sem dentes
da moenda 
do rodado tempo, 
motor que enferrujou
que emperrou 
a catraca do Vapor. 

Autor: João Ludugero.

Um comentário:

  1. Bela e poética visão. Magnífico texto tirado das ruínas, da beleza que fica até depois dos escombros dentro das lembranças. A beleza não se esvai não sai do coração do poeta, da visão que sintetiza cada pedacinho de uma paisagem de um lugar que abrigou a alma da gente de peculiar vivência e encantamento. Sua poesia retrata isso: beleza em cada detalhe buscado pela lente-retina do coração. Abraços,
    Zélia Nogueira Pierre - Poetisa e amante de bem viver a vida - Brasília.

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