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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

TEMPERAMENTO PRA TODO DIA, por João Maria Ludugero

 
 
 
TEMPERAMENTO PRA TODO DIA,
por João Maria Ludugero



Eu quero ser feito colibri astuto
A adejar amores da alma em flor,
Mas tem tanta distração aqui,
Que me basta uma seara de jasmim
E eu preciso me espairecer contente
A flamejar meu coração assim partido,
Antes que eu me torne feito galinha d'Angola
A esvoaçar esmorecida apesar do destemido tô-fraco...
O Ludugero que pretendo mais ser
Quando crescer o menino João maduro?
Quem careço ser, sem precisar ser cabotino?
Muito almejo estar entretido na seara da vida?
Fazendo que rota em destino, a correr dentro e alto?
Ei... olha só feito sanhaço só na corrida,
Na intenção de ser outro passarinho...
Eles ficam iguais, esbaforidos à-toa.
Não entre nessa corrente insensata.
Eles se atropelam, prostram-se ao meio-fio.
Não tem graça, morrer à míngua, ao desvario...
Eu nasci alguém.
Sempre sou alguém.
Não deixo ninguém me dizer o que não sou.
Portanto, arregace as mangas.
Já nasceu alguém ou já és alguém.
Não deixes ninguém te dizer que não é.
Deixa que eu me preparo,
Deixa que eu me tempero.
Eu quero ter o meu gosto
Deixa que eu me reparo,
Eu quero ser como sou,
Basta-me ser Ludugero.
Não só de manjar na lida,
Mas em minha temperança
Vai um bocado de pimenta...
Não é todo mundo que suporta
Não é toda gente que aguenta.


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