VÁRZEA-RN EM SAUDOSA MANGA VERDE,
por João Maria Ludugero
Depois das aulas de Dona Zilda Roriz,
Eu te mirava, a correr dentro e alto,
Debaixo daquela mangueira frondosa,
Teus cabelos soltos ao vento,
Da cor da terra aqueles caracóis,
Pareciam a entrada do paraíso,
Da Várzea das brincadeiras,
Depois dos deveres da escola.
Eu acelerava a cópia, as contas,
e tudo o mais, para te esperar,
ali, naquele lugar, só nosso
Bem ali na praça do Cruzeiro…
E tu, menina bonita, vestida de chita,
De caracóis ou de tranças,
Com laços cor de mel,
Os nossos olhos tanto brilhavam,
Tantas juras fizeram, naquele lugar.
E, daquela flor da mangueira,
Aos ‘carregos’ de tantas mangas!
Escolhemos uma maior como nossa,
Aquela que comeríamos juntos,
O nosso selo da promessa de amor!
Todos os dias a olhávamos,
À espera que ganhasse tamanho e cor,
Para o dia da consagração!
Quis a vida que abalasses,
E foste embora para outro lugar,
Bem distante daquela linda seara…
Zangado com o nosso destino,
Arranquei a manga verde,
Magoado com a surpresa da lida
E com o teu longínquo paradeiro.
...
Já a mãe, senhora do teu destino,
Nos reencontramos frente à frente,
E perguntaste-me, com os olhos inquietos,
Se a manga tinha sido rosa ou espada,
Se tinha sido bem deliciosa?
Disfarcei, disse-te que sim,
Mas ainda sinto forte nostalgia:
Oh manga-verde, manga verde,
Porque não amadureceste só para mim?
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