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domingo, 17 de agosto de 2014

O RICO MENINO DE LUA, João Maria Ludugero

 
 
  
 
 
O RICO MENINO DE LUA
Autor: João Maria Ludugero

Lá na minha Várzea
De menino humilde
Um dia morei na rua do Arame.
Em casa tinha luz de candeeiro
E vaga-lumes no quintal
Onde as estrelas vinham
Me achar no escuro
Nunca tive medo de grilo,
Brincava com eles
No balanço das vicissitudes da vida
Debaixo da mangueira
Observando o céu.
Ele sempre me criava, 
Maquinava ideias, me conduzia além,
Me levava pelo espaço a fora
Bem longe no tempo, vê se pode!

Me trazia lembranças do futuro
Onde eu me via homem feito
E não entendia por que 
Gente grande tem medo de se perder
Ao andar no mundo da lua.
Eu nas minhas travessuras,
Nas minhas estripulias de menino
 Sempre gostei de ir à lua.
Quer saber de uma coisa:
Que me perdoe Neil Armstrong,
Acho até que fui eu 
Quem lá pisou primeiro.

Fui até a lua, sem foguete, sem armadura, 
Nem precisou da Apollo 11 
Para brincar de São Jorge 
No cavalete venci o dragão, me atrevi, 
Feito Davi ao gigante Golias.
E ruminando, modestamente,
Eu tinha sonhos alucinados 
Desses de menino inquieto em suas peripécias 
Que inventa a fantasia que quer
Ao brincar de formar bichos nas nuvens
Carneirinhos, cabras, bois e até elefantes. 

Eu me sentia tão rico, 
Sendo dono daquilo tudo.
Um dia até pensei que a lua fosse
Uma gigante tapioca branquinha
Firmada no céu. 
Que tentação! 
E eu, a salivar, com água na boca,
Doido para degustá-la.

Isso era de quando eu era criança.
Aonde foi parar minha meta
De cometer loucuras, não sei,
Ou será que já cresci ou ainda continuo 
Menino medonho levado da breca?

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