VÁRZEA-RN: CAÇUÁ DE SAUDADES,
por João Maria Ludugero
Verde-musgo dos lajedos
dos Seixos dos doces de dona Santina,
dos bolos-pretos, brotes, raivas, carrapichos
e cuscuz de milho-rarolho de dona Zidora Paulino,
ventania a correr dentro e alto nas estripulias
da tarde amena dos doces cajus,
das castanhas assadas,
poeira de estrelas cadentes
sob a bunda dos vaga-lumes
em voos incansáveis pelo interior,
pedaços ao desvão da saudade
que me ancoram no tempo
em poeira de giz pelos canteiros
do quadro-negro sobre linhas incertas,
partículas de cal em lavras
sob poesias concretas
esboçadas na lida a contento
da saudosa Maria Fernandes,
a Professora Marica de Otávio Gomes,
a primeira mestra da escola Pe. João Maria,
além da poeira dos anos parados e escassos,
períodos de tempo sempre bem apanhados em regalias
além das quatro bocas da minha amada Várzea das Acácias.
Pó, poeira dos ariscos até o Itapacurá
do sítio de Tio João Pequeno,
das pitombeiras de dona Julieta Alves,
das águas doces, das cândidas ideias
pairando no corpo animado dos meninos medonhos,
Picica, Xibimba, Chiquinho de Antonio Euzébio,
sem esquecer de Antenor de Seu Antonio Gomes,
todos eles astutos e soltos pela seara de Ângelo Bezerra.
Água potável, cacimbas do viver, dia-após-dia,
cenários passados e arteiros pelo chão-de-dentro,
um magote de meninos levados da breca,
a pescar na correnteza do rio de Nozinho,
a encher o samburá de piabas, jacundás,
carás, aratanhas e minúsculos doces tomates
apanhados ali logo abaixo do verdejante coqueiral
da terra da inesquecível madrinha Joaninha Mulato,
sem lembrar de esquecer de estampar em acordes
os balanços por momentos alados dentre cajueiros,
ribanceiras do rio Joca até o riachão
do entretido sítio de Seu Louro de Carvalho,
dos meandros do Vapor de Zuquinha Ribeiro,
onde se podia plantar milho, mandioca, feijão-verde, maxixe,
quiabo, gergelim, jerimum, melancia, batata-doce e macaxeiras.
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