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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O VELHO TERNO EM ESTILO, João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 
 
O VELHO TERNO EM ESTILO,
João Maria Ludugero


Não só de vestir ou esbugalhar seus botões,
mas, no guarda-roupa do meu quarto ainda escondo
de tempo e traça meu terno cinza de riscas de giz.
É de tecido bem polido, bem passado ao pó das horas gris.
Eu o adquiri com estima e o vesti com todo estilo,
meu terno de amante em paixão pela vida em regalias.
Impregnou minha essência nele,
meu acorde de sonho em cheiros,
meu corpo de outrora,
bem exorcizado aos lumes sem compostura.
É só tocá-lo, esbanja a volátil memória aos nichos:
eu estou despido no pavilhão da lida
e deixo que aspirem as minhas poeiras a contento.
De tempo, perfumes e traças
meu terno me guarda com afinco,
dia-após-dia, nos milagres do tempo,
sem medo da cuca nem de assanhar
desde a nuca até os pelos da venta!

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