VÁRZEA-RN: PELAS QUATRO-BOCAS AOS SOLAVANCOS,
por João Maria Ludugero
Meu pretexto jamais foi pintar a vida de ternos cinzas ao desvão,
Arquitetar uma rotina que fosse carrancuda ou esbugalhada demais.
Sempre traço versos fáceis e coloridos, que traduzem o meu ser,
Alma de flores, imensidão de amores, minha doce verdade-ilusão.
Contudo, percebo por um momento, ainda hesitando evasão,
Pois botar os pés nos ariscos seixos pode ser simplesmente difícil.
As exigências cotidianas me puxam de lado para uma roda de conversa,
Um papo levado a sério, conselho irrefutável: Acorda, menino medonho!
Confessando, afirmo que eu bem-quero ser bem-te-vizinho a acordar
Além do chão-de-dentro a me consentir aos preparos para assanhar
Com afinco e inusitada disposição até os pelos da venta...
Mas o estio atrevido vem beirar à minha janela, arteiro como sempre,
Dizendo para eu deixar de sonhar e ir levantando de mansinho
Além do agreste verde, dia-após-dia,
Lusco-ofuscando o laranja da tarde amena.
Assim, os sopapos serão mais amplos
– e os solavancos e sequelas também.
E conseguirei, enfim, partir na labuta em direção à realidade
desnuda e crua do meu interior...
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