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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

REVEL


Eu trago no peito
um coração desvairado
que  não mede as consequências,
faz pouco caso de ordens 
ou acata conselhos.
À revelia, me usa ao bel-prazer 
e abusa de autoridade.
Entrementes, nesse compasso,
sem apresentar defesa a tempo,
acabo sempre por sofrer sentença
que não transita em julgado. E a sanção,
mesmo que seja em regime fechado, 
presto-me a cumpri-la à risca, resignado,
uma vez que não tenho alternativa.
O remédio é perpetuar a tela,
entretido em cores vivas e pincéis.
E assim aliado ao voo que liberta 
 - vou pintando palavra por palavra,
sem exasperação das penas
entre-tecidas na remição 
da poesia que invento,  
leve, livre e solta, dia-após-dia,
perante as paredes brancas,
onde esboço horizontes azuis
a partir de janelas sem trancas, 
recriando espaço que se expande 
e preenche o vão do meu corpo  
ao sugerir outras lidas,
só para desentristecer 
no cabimento da cela
que não segrega o amor
traçado em detrimento  
do meu coração de tintas.

10 comentários:

  1. Quando o coração mede as consequências... está tudo muito "racionalizado":)!
    Excelente a começar o novo ano!
    Abraço Amigo

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  2. No coração, o pulsar de uma vida! Não o cerceie!
    Abraço novo de ano novo!

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  3. meu deuz!!!
    q q issso?


    éperfeito!!!

    lava com poesia minha alma

    nao saio daqui

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  4. GERALDO CASTRO L. MAIA2 de janeiro de 2012 às 16:30

    Caro poeta Ludugero,
    Que linda é a tua poesia!
    É um ateliê de palavras pintadas à mão,
    um engenhoso banquete invulgar proposto por quem sabe o significado do que corta a carne do coração e serve à mesa, e dele faz espetinho de gato... como quem bebe o olhar como peixes prontos a acasalar... Tua poesia é de pura magia, és único em teu poetizar, Ludugero. Cara, como sabes fazer poesia assim, onde vais buscar tanta lucidez e loucura ao mesmo instante? És um grande poeta, viu? Estou boquiaberto! Bravo! Bravo, mesmo... Emocionou-me com seu texto lindo, intenso! Gostei.
    Virei teu fã e preciso te seguir agora-já!
    Geraldo Castro Lopes Maia,
    Professor - LPLB. São Paulo-SP.

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  5. Norma D'Angeli Lima Roriz2 de janeiro de 2012 às 16:38

    Chorei. Tô assim com a alma dilacerada....de emoção. Li e reli sua poesia... Fantástica, sensacional, sem palavras. Amei de paixão cada linha, parece que fez pra mim. Um encaixe perfeito de palavras que caíram como uma luva... estou muito,muito emocionada. Vou copiar teu poema para mim, se me permitires, com todos os créditos a ti é claro! Beijos mil.
    Tua fã e admiradora. Já te sigo. Como não segui-lo? Me diga?
    Norma D'Angeli Lima Roriz,
    Viçosa - MG.

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  6. Que beleza de coração cara, desprendido, despretensioso, que ele nos traga muitas poesias como esta !

    Abraçoo !

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  7. Comentário de Manoel De Almeida
    Poeta joão Maria, você é dos poetas que, por conhecer muito bem os recursos da língua e por ter um vocabulário rico, encanta pela forma inteligente de elaborar seu poema e de enriquecê-lo com palavras raras como neste poema usou "desentristecer", "entre-tecidas",...gosto muito do seu estilo.; abraço.

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  8. Comentário de Geuza Mariah,
    Da casa da Poesia:
    10 horas atrás
    MARAVILHOSO! BJS
    3 de janeiro de 2012 15:3

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  9. Olá, amigo Paulo!
    O coração é mesmo insurreto, pois não segue norma, regra nem lei racional, mas somente suas razões, que são bons ingredientes para poesia.
    Seu poema, mesmo branco e livre, tem um ritmo e melopeia magníficos que fazem nosso intelecto dançar.

    Parabéns pela maestria e alumbramento!

    Obrigado pela visita ao meu blog!

    Abraços!

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  10. Boa tarde, me vi com um pincel na mao e muita tinta cinza, então, desenhei-me no papel em branco e descobri a razão do meu sofrimento, nao poder me expressar de forma colorida, mas somente, com tons cinzas, a cor da magoa que mora em meu peito, em minha alma,..abraços

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