E são tantas as palavras
que me sondam o juízo
palavras ao vento
palavras de dentro
de algum livro
de páginas encardidas
pela tintas de alguma pena
de um passatempo
de algum diário
esquecido na estante
ou num escaninho de confessionário
palavras em letras garrafais
manuscritas até em papéis de pão,
que se propagam em amassados papéis de bala,
que se propagam em amassados papéis de bala,
nas entrelinhas ou à margem de algum caderno,
bulas manuais, revistas, recortes de jornais.
em cartas que mais turbam a mente, frases
escritas em muros, pichadas na lida
de algum transeunte a perambular
pela obscura solidão ao largo da vida.
Palavras incontidas, tábuas de salvação
palavras gravadas no concreto,
nos pesares, ou na solidez que jaz
nos pesares, ou na solidez que jaz
junto ao pó das letras mortas
Palavras ao relento, renovadas,
dispersas pelo vento de outrora
Palavras jogadas madrugada afora
farras verbais, néons de prazeres
conversas, flertes e namoros
Algazarra de palavras
farpas orais, segredos, desejos e rezas
Palavras de passagem
noutras que ficam em promessas
Palavras tônicas que edificam
que se tornam prosa e poesia
em fragmentos, em teses e tesões
Palavras carentes de sentido
que buscam outros agasalhos
para conquistar o signo,
proliferando razões
ao que dita o coração da gente,
engenho de palavras,
palavras em arranjo, rimas.
Palavras que fazem a minha cabeça
Eu cortejo as palavras
E as seduzo em versos.
Eu sou poeta, escrevo,
dou minha palavra, escavo,
creio, crio, reinvento-me nelas
E assim me vou pelo vão das palavras
que não me ninam só pra ver estrelas.
Realmente, você é o poeta das "letras"... que formam belas palavras!
ResponderExcluirAbraço, Célia.
Luiz Mário da Costa
ResponderExcluirda Casa da Poesia disse:
- Estimado poeta, faço de suas palavras as minhas, tenho ao longo deste tempo exaltado os vocábulos em todos os comentários, e agora me deparo com seu poema colocando as palavras em primeiro plano, um poema a se propagar neste universo que une versos e não se cansa de versejar: "Palavras tônicas que se edificam/Que se torna prosa e poesia" são versos que me tranpõem ao deleite, de me saciar do que mais gosto; apreciar versos. Seu poema incorpora um coletrivo de poemas, pela primazia e beleza do enredo. Mário Bróis.
Manuela Vieira disse:
ResponderExcluirSó um grande poeta poderia escrever uma «algazarra» tão diversa de palavras. É a vida em poesia com todos os estados de espírito embrulhados em palavras de ouro. Bravo.
Abraço
Manuela
escravo das letras
ResponderExcluirsomos dois