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sábado, 1 de maio de 2010

AINDA ACREDITO


autor: João Ludugero

no meu poema
existe um verso em branco e sem parâmetros,
um corpo que respira a céu aberto,
janela debruçada para a vida
para quem quer viver mais,
sem paradigmas

no meu poema existe 
a dor calada lá no fundo, insiste
o passo da coragem em casa escura
e, aberta, uma varanda para o mundo,
uma luz no fim do túnel sempre resta

existe a noite, o descanso do guerreiro,
o riso e a voz refeita à luz do dia,
a festa da Senhora da Piedade
existe o refúgio de Seu Olival, 
o retiro que afugenta o cansaço
do corpo que adormece no colo
da minha inesquecível mãe Maria, 
estrela da manhã da minha vida

existe um rio Joca e suas cacimbas
de águas salobras e cristalinas,
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste, não esmorece não se prostra
se levanta e vence a batalha
mas não adormece no ponto
que luta em obter o êxito antes da sorte
que não espera de braços cruzados
que vai à luta sem trégua
que não espera o manjar cair do céu

no meu poema
existe o signo da mulher-coragem,
a força de Gabriela Pontes,
intermédio entre o grito e o eco da esperança
a dor que sei de cor mas não recito
e os sonhos inquietos
de quem ainda acredita

no meu poema
existe um corajoso menino varzeano,
a rua e o beco que levam à praça do encontro
e um Antonio Lunga a vender seus caranguejos

no meu poema
existe um coração vertente 
de renovadas esperanças
existe um Itapacurá
de esperanças acesas no interior
da minha Várzea das Acácias,
que unem bacuraus e corujões,
que derruba o existente muro,
existe tudo o mais que ainda escapa
e um verso em branco à espera de futuro!

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