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sábado, 15 de maio de 2010

CREPONS

autor: João Ludugero

pelas quatro bocas
por todos os becos
por todos atalhos
ou veredas
pode-se chegar
ao ensejo esperado, 

à liberdade de fato,
não apenas ao desejo

em todos os atalhos
e veredas
passeia o apego

das correntes do ego
do ansiado desejo, 

aquele que faz o homem ficar cego
e não mais lembrar da senha 
que o liberta

 
aquele que anseia,
que é escravo do desejo,

ganha um cadeado sem segredo
de carcomidas chaves
desdentadas pela ferrugem,
fechadura
que não pode ser aberta
nem mesmo sob o fogo
do mais potente maçarico 

e ser assim, 
escravo do desejo,
é ser todo atalho e desvio
é se embrenhar pelas veredas

é não ser dono do próprio nariz
diga-se de passagem, 
não é ser livre,
é está preso, 
ensimesmado
vendo o sol todo quadrado
num beco de uma rua
sem saída

é se encontrar diante de um canteiro 
de flores de plástico ou de vidro
flores de papel crepom num vaso
flores que não nasceram 
de nenhuma rega 

sem nenhum cheiro,
de cores artificiais, sem ânimo
a decorar de natureza morta  
o que foi exposto na mesa do desejo 

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