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quinta-feira, 29 de abril de 2010

REFÚGIO DOS VARZEAMADOS

autor: João Ludugero

Ali na beira do Calango
com o açude a sobejar
pelo sangradouro suas piabas
aqui e ali na vargem alagada
vejo a pular carás e jacundás
na festa da enchente do rio Joca

entre um e outro juazeiro,
pedaço de sossego a acolher minha alma
que megulha no verde-musgo profundo
sem ter hora para voltar
meu coração se derrama
e vai junto lavar teus cabelos
e vai junto escovar teus dentes
com raspa de casca de juá

eu me derramo em teu colo
como se fosse travesseiro,
descanso o crânio satisfeito
sob o cafuné da ponta dos teus dedos
deixo-me levitar assim,
alcanço o céu,
mesmo sem sair do solo

de súbito,
descobres o mapa do meu peito
e eu em revide, frente e verso,
percorro tuas curvas de níveis
me acho em tua geografia

folheando-me por inteiro
chegas a cada vontade,
afastas cada medo
do meu coração, e não tem jeito
aproximas cada virtude ao sonho
cada desejo que busco
tão ímpares no livro aberto
que invadem as páginas pares
dando sentido aos meus versos simples

cai a tarde amena
cai o sereno
escurece e ninguém vê
que adormecemos no
aconchego da Várzea
sem preocupação com o tempo,
sem receio do perigo.
no meu refúgio não há do que fugir,

afinal estamos em casa
rodeados de pirilampos,
sob as bênçãos de São Pedro

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