“Se não levarmos a poesia e a beleza conosco, é inútil percorrermos o mundo. Em nenhum lugar as encontraremos.” (Emerson)
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quarta-feira, 19 de maio de 2010
E POR FALAR EM FEITIÇO...
autor: João Ludugero
Varzeaninha, varzeaninha,
tu és a dona do feitiço
da alegria sem medida
que envolve as margens
do rio Joca
que irriga o coqueiral
do meu verde habitat
de bons agouros
que abriga a esperança
desde o rio de Nozinho aos campos
do Vapor de seu Zuquinha
tu és da Várzea a rainha,
tu és senhora de mim;
tu matas todos olhares
de amores, de amores
quando passas assim
faceira, tão aprazível
a vender saúde de sobra
com o teu cesto de flores
pra enfeitar o altar de São Pedro,
nosso apóstolo padroeiro
eu queria ser um cravo branco
pra tocar no teu rosado nariz
em riste, perfumar as tuas tranças
embevecê-la de cheiros e lavandas
quando atravessas ligeira
a Brasiliano Coelho de Oliveira
pobre de mim, fazedor de versos
simples vendedor de sonhos
que invento com palavras
tudo tudo o que sinto,
na condição de poeta,
sou varzeano de estirpe
que inventa verdades sem rimas
só pra te ver livre e solta
a correr pelos caminhos
seja do Vapor às quatro bocas,
tu deixas boquiaberta minha gente
e quase todo ser vivente,
a arrancar fartos suspiros
do povo que diz à boca cheia,
parafraseando seu Nenê Tomaz,
essa menina vale um pitéu,
ai, como é bonita a natureza!
és um presente divino
oh, musa do meu sonho
sinto vertigem e encanto
quando tu passas na vargem
ou quando te deitas na areia,
mulher mais linda não há
és a dona desse jardim
que se abre em flor para ti
dona de beleza ímpar
quero moldar um tapete
todo em verde e amarelo
feito de flores de acácias
para a rainha pisar
lá na praça do encontro
e deixar para o bem de todos
só um bocadinho assim
um pouquinho assim do seu cheiro,
do seu cheiro de alecrim!
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