autor: João Ludugero
minha Várzea
aquilo é que é terra boa!
a gente lá não cassoa
da sorte desde manhã
desde muito cedo ainda
antes do galo cantar,
a gente pega na rodilha
não tendo medo da lida
porque aprende com o pote
a se equilibrar na vida
lá é terra de muito sol
e calor que faz a tarde amena
na beira do rio Joca
tem muito caçote e jia
as folhas dos juazeiros
quase sempre tão verdinhas
apesar da seca verde
não tenho do que reclamar
do agreste em que nasci
que exala cheiros no ar
um cheiro bom de beiju, de tapioca
que provém lá da casa de farinha
de mandioca torrada
soprando esse ares puros
dos ariscos dos Marreiros
ventos do Itapacurá
ou seria que descem lá do Vapor
tô mentindo não senhor,
não é mesmo seu Zuquinha?
eta povo bom, hospitaleiro
sangue bom que não tem boça
protegido por São Pedro
nosso apóstolo da chuva
que traz tanta vida à roça
pra colheita ser bem farta
dos jerimuns ao feijão
do milho para a canjica
da melancia ao melão
eta, mas que terra fértil,
meu abençoado vale
lá todo mundo acorda cedo
pra tomar seu cafezinho
e comer macaxeira frita,
pra apanhar o algodão
seja ao largo do rio Joca
ou no riacho do mel,
bem ali na terra chã
Retiro do seu Olival
de Pasqualino Teixeira
e do mulato seu Bita!
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