O VÃO DOS MOLEQUES FELIZES
Autor: João Maria Ludugero.
O açude continua lá sozinho, ao léu,
Digo solitário não, com seus patos,
Sereno, à espera que a noite venha.
Altivo no desvão do tempo a furtar-cores
A espreitar o crepúsculo, o fim da tarde
Amena refletida no espelho das águas
A margear o que se chama simplicidade.
Um açude repleto de memórias
Que não ficaram enterradas no paredão,
Que não ficaram encerradas no sonho feliz
de um magote de crianças, de moleques espertos
Que ainda hoje cirandam feito andorinhas,afoitas
Que juntas fazem acontecer a precisa estação
De verão em verão nos monstrando a certeza
De que melhores dias virão, quem duvida?
A saudade nunca se perde no limo das águas
O musgo toma conta de tudo, de quase tudo,
Só não barra essa coisa que dilacera o peito
e que chamam de saudade.
Mas senti-la não nos deixa desertos,
Eis que nos faz sentir vivos, agradecidos,
saber que se viveu, bem ou mal, isso não importa,
O que conta é saber que não se vegetou apenas,
Isto é o que nos consola, de fato.
E o Calango é sempre um açude aceso
Uma chama unida que cresce no peito deste poeta
Uma chama perene que permanece
no peito deste menino-moleque
e não se apaga ao vento...
É o que nos demonstra que a gente
pode se acabar, ir-se embora,
Mas VARZEAMAR,isto é algo
que não morre nunca,
nem se o açude secar,
nem se o solo rachar sob o sol do agreste,
Porque essa chama é infinda,
assim como não tem fim o mar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário