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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

ERA UMA VEZ UMA VARGEM

ERA UMA VEZ UMA VARGEM


Autor: João Maria Ludugero.


Eu vi a vargem toda cercada,diminuída
O bueiro ainda está lá, esvaído
Eu vi o homem a invadir a vargem
Que vargem? A que deu nome à cidade
A mão do homem cercou aquela área, apropriou-se.


O homem deu vazão ao arame farpado e às estacas
Cadê o juncal e o capim que existiam ali
naquele jardim tão natural?


Quando o açude do Calango se derramava pela vargem
Era bonito ver sua sangria paredão abaixo
Cadê o campinho da Vaŕzea,
cadê a pelada e os borregos?
Quando a chuva voltar
e São Pedro debulhar suas lágrimas
O rio vai invadir de novo aquela área cercada
Como sempre, na cheia, na enchente
vai fazer o bueiro escoar toda sobra,
Mas não esvaziar a aridez do coração do homem,


De sobejo, ficarão bichos criados soltos,
a ruminar inocentes, ovelhas e cabras nos desvãos
A beber turvas águas paradas,
ali na vargem quase destruída
Mansas águas e nenhum junco ou capim,
nenhum magote de meninos soltos.


Cadê os filhos dessa vargem, cercada de arame
e farpas de insensatos outros filhos da terra
quase bichos lentos como as coisas que ficam por ficar,
e por isso mesmo se cercam
Por não saberem o sabor da natureza livre,
e um dia tarde quiçá viverão a chorar a beleza
Que merecia ser preservada,
logo ali frente à estradinha
de chão que leva ao sítio de Zé Canindé.
Cadê a nossa vargem que estava bem ali,
cadê a minha alma, será que foi esticada
no curtume lá do Matadouro?

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