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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

PELAS RUAS DA MINHA VÁRZEA



















Autor: João Maria Ludugero

Era beco de Antonio Duaca
um beco que se perdia em outro
beco que se achava em outra
boca que ia dar nas quatro
bocas que vão ao encontro do rio
Joca que vai desembocar
no meio do mar

Uma igreja azul com São Pedro
no topo, a olhar por todos
seja rico ou pobre
que habite a rua que for,
seja rua da pedra,
seja rua do arame ou nova,
hoje quase todas rebatizadas
têm nome próprio

Ruas que outrora tiveram nomes,
logradouros de costume,
a ocupação ali desenvolvida
dava nome à rua:
era rua da matança, do matadouro
rua do curtume, da cruz, rua do cruzeiro,
rua esta que um dia fazia a cidade parar
pra rezar, acender velas,
agradecer, ou fazer festa,
rua da escola que nos ensinou
a não largar a mão de ir adiante,
botar fé na vida, perseverar
e ainda acreditar nos acordes do sonho

E agora a gente segue na lida,
de cabeça erguida, sem medo,
com a cara, a vela e a coragem,
mesmo que seja pé no chão
correndo parado no sentido
de fazer a rua andar,
pisar seus paralelepípedos
além das quatro bocas,
porvir de sedentas esperanças
antigas ruas renovadas,
rua grande, chão da minha velha infância

Um comentário:

  1. Adorei. Lindo poema. Perfeito.
    Muito aconchegante andar pelas ruas da nossa Várzea e fazer o pensamento ir lá, só pra matar um pouco da saudade. Valeu, poeta!
    Abraço,
    Carmem

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