MEMÓRIAS DA NOSSA VÁRZEA,
MINHA TERRA, MEU AMOR...
Autor: João Maria Ludugero
OS JEGUES
Na década de setenta, muito antes da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) implantar o sistema que garante o fornecimento contínuo de água de boa qualidade a Várzea (a água encanada chegou em 1981), os jegues ou jumentos eram animais muito importantes em Várzea, principalmente pelo fato de serem os veículos condutores de água potável transportada dos açudes e fontes de águas dos ariscos para as residências, uma vez que a cidade, no que pese estar à beira do rio Joca, não dispunha de água tratada e encanada.
Quem quisesse dispor do líquido para atender às necessidades básicas tinha que possuir um jegue ou pagar a água aos proprietários de um desses animais.
Naquele tempo, os jegues eram encarregados de transportar os barris de madeira, cheios de água até às residências. Cada jegue transportava 4 barris, cada um com aproximadamente 20 litros d´água. Era conhecida como uma "carga d’água" e esses animais não tinham outra atividade a não ser passarem o dia todo indo e vindo das casas para as fontes d'água e vice-versa, sempre entregando água. No final do dia, eram recompensados com muita água e um bom feixe de capim.
Ao tratar aqui desse tema, recordo-me dos tempos de criança na cidade de Várzea, onde meu inesquecível irmão Dedé e o amigo Joaquim 'Quincas' Anacleto transportavam seus mansos jegues com cargas e mais cargas-d'água do Arisco, fonte de água mineral perto da cidade.
Nos dias atuais, por ocasião dos festejos varzeanos, seja durante os folguedos de São Pedro, seja nas manifestações culturais realizadas durante o mês de agosto, na famosa Semana da Cultura, promove-se a corrida de jegues, um ao lado do outro numa disputa de velocidade. Os animais monitorados pelos seus donos ficam emparelhados e, dada a partida, saem em desabalada carreira, em linha reta, até a vitória. E tudo acaba em festa. Digo acaba, como força de expressão, pois a alegria do povo varzeano, essa continua em disparada!
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