Meu caro amigo,
Não existe outra Várzea,
Nem outro Calango,
Nem outro rio Joca,
Nem outro Vapor existe
Nem outros mesmos ares,
Apesar de haver olhares
a ver outros lugares
Porque a cidade irá atrás de ti;
As mesmas ruas te atravessarão o peito
Dando em becos que interceptam sem fim
As mesmas ruas, encruzilhadas,
Nos mesmos espaços do espírito
Que passam da juventude à velhice
E tu te perderás na utopia
De novos caminhos, desnudo,
Sem que outras falas te sirvam
Mesmo que outros dentes teimem
em esmaltar teu siso,
Outros sulcos se escavem na tua face;
A tua boca não verá outro gosto tão singular,
Porque os teus cabelos escanecerão
Dentro da mesma cor
Daquela casa caiada em que nasceste!
Ah! então não vês, amigo,
Que apesar de toda fuga,
Estais emaranhado nesse lugar
Onde enterraste o umbigo
Sem que a tua vida valha nada,
Sem que volvas às tuas raízes e ao sonho
Nem que vás procurá-los nos confins da terra?
De fato,
Pobre daquela infeliz criatura
Que não acorda a sonhar...
A sonhar acordado com os pés no chão,
No chão daquele lugar que existe
Em algum ponto do coração do mapa.
Só sei que a minha beleza existe e se chama Várzea!
Nenhum comentário:
Postar um comentário