Maria Joana tomava Prozac
escorada em Beto
varava a noite
enquanto Cláudia
raiava o dia
Lucas nem dormia
varava a noite
enquanto Cláudia
raiava o dia
Lucas nem dormia
eles não sonhavam mais,
e mais se perdiam
do que se achavam
na selva urbana
do que se achavam
na selva urbana
de pedras na mão
de pires na mão
na sala de estar,
tateando no escuro
eles não tinham certeza
se bem ou mal se queriam,
identidade pelo avesso
dualidade no espelho,
ânsia entre prazer e desprazer
na corda bamba
ou tirando o coelho da cartola
qualquer coisa servia
qualquer luva cabia,
até mesmo dar murro
em ponta de facas
ou ser stand delas
e essa gente tomava Prozac
e outros barbitúricos
e a vida real desandava
êxtase passado em branco,
que vida que nada!
diga-se
de passagem,
vida elevada a zero
e o resultado disso tudo
não poderia ser diferente:
impotência, devaneio
e miragens
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