mais pareciam formigas
enfileiradas
uma a uma
uma a uma
a carregar folhas
e recortar
seus destinos
antes da chuva
a desfolhar trilhas
e recortar
seus destinos
antes da chuva
a desfolhar trilhas
a percorrer estradas, páginas
que o caminhar de costume
já desenhara em lacunas,
em convencionais labirintos
com setas fluorescentes,
indicando somente a entrada
acredita-se que formiga
quando quer se perder
cria asas
acredita-se
que formiga
que sai da fila
pode ser carregadeira
perdida, alienado inseto
alado, podendo até ser
descartado da labuta,
pobre coitado(a)!
de tal modo, cabeça dura,
lá vai a formiga que cortava
virar húmus,
tudo em nome da rainha,
junto com as folhas caídas
página da vida,
folha virada
formiga cabeçuda
bicho insano sem cabeça
"cai, cai tanajura,
tua mãe tá na fritura
cai, cai tanajura,
que é tempo de gordura!"
ensandecida saúva
seu nome é trabalho
e fecundação
era uma vez uma formiga-macho
que viveu para aquele instante
criou asas e depois morreu
em pleno voo nupcial, no ato
na cópula
que, sendo formiga
tão organizada, de fato,
mas não tinha vida própria,
vida descabida, tão meticulosa
uma-formiga vai com as outras
lá pra casa de mãe-joana
foi-se!
Poeta Ludugero,
ResponderExcluirIncrível, apenas uma mente privilegiada, uma alma sensível e um dom de observação permitiria a realização de um texto tão bem escrito e interessante.
Adorei este poema da formiga cabeçuda. Você o colocou de uma forma que dá vontade de ler e reler, levando a gente a pensar e repensar na vida, na rotina que a gente faz da vida Parabéns pela escrita, boa e intrigante.
Um abraço carinhoso, cheio de admiração de uma pessoa que não te conhecre, mas que adorou sua poesia sensata e bela!
Neuza Lopes Cavalcante Almeida
Aluna do Curso de Letras - Formanda UnB/2010