ORÁCULO DA PAZ
com certeza,
para mim
para mim
a paz é
como aquele suspiro
como aquele suspiro
leve e inocente
que o meu filho Igor
que o meu filho Igor
dá durante o sono,
mais parecendo um anjo,
digo
o arcanjo Gabriel!
digo
o arcanjo Gabriel!
a paz tem a leveza
de uma folha de outono
e o colorido
de uma bolha de sabão
contemplada
aos olhos
contemplada
aos olhos
da minha princesa Jordana Majella,
ente em que o Pai Eterno derramou
parcela inteira
de singular beleza!
parcela inteira
de singular beleza!
paz é a grata sensação
do dever cumprido,
de quem termina a lição de casa
ou encontra um bichinho perdido no jardim
e o devolve à natureza, são e salvo
ou visita um amigo querido,
sem marcar hora nem data
simplesmente
para lhe dar um abraço apertado
para lhe dar um abraço apertado
paz é andar descalço
pelo interior
pelas ruas da minha saudade
pela infância que vivi
a brincar no meu pequeno lugarejo
lá na minha Várzea das acácias,
onde tudo é verdadeiro, sem dúvida
onde a simplicidade fez sua morada,
sem carecer de alvará
ou habite-se
paz é olhar o doce sorriso
de dona Maria Dalva
de dona Maria Dalva
e nele contemplar o retrato
da própria beleza
em forma de estrela
candeia perene
da vida inteira
da própria beleza
em forma de estrela
candeia perene
da vida inteira
paz é a paz interior
a que trago no peito
quando estou nos braços
do meu pequeno Varzeão,
do meu pequeno Varzeão,
deitado numa branca rede de algodão
como se fosse o berço esplêndido
como se fosse o berço esplêndido
no alpendre da casa
de seu Odilon, meu pai
de seu Odilon, meu pai
essas coisas relaxam o corpo,
enriquecem o espírito, a mente
e, ao final da jornada,
só resta agradecer de ofício
ao Supremo Arquiteto do universo
ao Supremo Arquiteto do universo
por ter vivido
e não simplesmente
passado pela vida em vão
a divagar no vazio
a divagar no vazio
paz é bem-estar no colo
da minha mãe Maria
da minha mãe Maria
com sua mão de carinho
a afagar minha cabeça
a me fazer cafuné.
a afagar minha cabeça
a me fazer cafuné.
outro dia,
eu quietinho num canto,
contente da vida a cismar,
a pensar na minha gente,
olha só o que matutei:
a paz da minha Várzea é tão boa,
mas tão boa, tão verdadeira,
que devia ser lei!
autor: João ludugero
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