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quinta-feira, 1 de abril de 2010

ORÁCULO DA PAZ

com certeza, 
para mim
a paz é 
como aquele suspiro
leve e inocente 
que o meu filho Igor
dá durante o sono,
mais parecendo um anjo, 
digo 
o arcanjo Gabriel!


a paz tem a leveza 
de uma folha de outono 
e o colorido
de uma bolha de sabão 
contemplada
aos olhos
da minha princesa Jordana Majella,
ente em que o Pai Eterno derramou 
parcela inteira 
de singular beleza!


paz é a grata sensação 
do dever cumprido,
de quem termina a lição de casa
ou encontra um bichinho perdido no jardim
e o devolve à natureza, são e salvo
ou visita um amigo querido,
sem marcar hora nem data
simplesmente 
para lhe dar um abraço apertado


paz é andar descalço 
pelo interior
pelas ruas da minha saudade
pela infância que vivi 
a brincar no meu pequeno lugarejo
lá na minha Várzea das acácias,
onde tudo é verdadeiro, sem dúvida
onde a simplicidade fez sua morada,
sem carecer de alvará 
ou habite-se


paz é olhar o doce sorriso 
de dona Maria Dalva
e nele contemplar o retrato 
da própria beleza  
em forma de estrela
candeia perene
da vida inteira


paz é a paz interior 
a que trago no peito
quando estou nos braços 
do meu pequeno Varzeão,
deitado numa branca rede de algodão
como se fosse o berço esplêndido
no alpendre da casa
de seu Odilon, meu pai

essas coisas relaxam o corpo, 
enriquecem o espírito, a mente
e, ao final da jornada,
só resta  agradecer de ofício
ao Supremo Arquiteto do universo
por ter vivido
e não simplesmente
passado pela vida em vão
a divagar no vazio

paz é bem-estar no colo 
da minha mãe Maria
com sua mão de carinho
a afagar minha cabeça
a me fazer cafuné.

outro dia, 
eu quietinho num canto,
contente da vida a cismar,
a pensar na minha gente,
olha só o que matutei:
a paz da minha Várzea é tão boa,
mas tão boa, tão verdadeira,
que devia ser lei!

autor: João ludugero

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