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segunda-feira, 17 de março de 2014

GENTE DA MINHA VÁRZEA, por João Maria Ludugero

GENTE DA MINHA VÁRZEA,
por João Maria Ludugero

Assim a vida se luzia em singela tarde amena
Caladas as bocas, sofrendo os corações
Gente da minha Várzea, te recordo com saudade.
Sempre de soluço na garganta
E o suor do rosto a escorrer ardente,
Sempre o olhar em riste na hora da janta
E o assobio nos lábios para esquecer o contento.
A singela casa bonita em demasia 
No alpendre procuravas euforia, apenas isto
Para enfrentar a jornada por mais um dia.
Sondaram-te ao esquecimento
Os acordes que podiam tudo despertar,
Verteram o sonho em ti e o lamento advindo,
Vestiram-te de saudade, deixaram-me mudo.
Nas mãos sentiste o algodão branco esfiapado.
Pouco tiveste, vergaram-te ao peso da enxada
Na chuva do inverno e no calor do estio.
E sempre o Vapor a cuspir-te ânimo,
Eras então um rosto por avançar ao sol
Astuto mas sempre eu era sereno e tal 
Tão alto capaz de emoções mostrar,
Na hora de varzeamar em poesia...
Altaneira, ainda e sempre nas vísceras a agonia,
O tempo passou já em memórias dum passado ido
Duma vida pura, onde a alegria não perde a magia.
Longos os anos de provações
O silêncio era sinistro e atroz,
Rasgaram-te a pele assanhada, aos solavancos,
Tua espinha dobrou e trazias no corpo um clarão.

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