CANTEIROS,
por João Maria Ludugero
Não só de manjar o dia,
Palavra-corpo, alma e sentido
O verbo torna-se acorde
Num ir e vir bem animado
Em tal sonho desmedido
Saber-te é como querer-te
Nas paragens consentidas de sal
No marejar vertente dos olhos
Que te prateiam a luz astral...
Reverdejas, e sou-te como capim
Embrenho-me na tua semente
Recrio ninho na palavra astuta
Recebo-te no olhar iridescente
Exuberas, e não é de hoje
Meu testemunho na pele agita
És mais que encanto em ávida poesia
És um pote de imensa áurea real,
Sem quebrar o lume da fantasia!
Eu-sou-tudo-e-nada
Sinto-me-só-em-desvãos-de-vazios,
Mesmo assim sou-te riqueza e vasta ventania
És tempestade em tal bendita alforria
A mente se desvencilha solene e arteira
sobrando-me um ramo somente na lida
Sonho em acordes de flor, estrela e lua
Num real canteiro de olhares contentes
Até assanhar de vez os pelos da venta!
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