CATOLÉ, por João Maria Ludugero
O vento balança o coqueiro
cai coco do pé
eu trepo na palmeira, sem peias
voo nas alturas
pela Várzea a fora
derrubo o coco
nisso vejo a poesia que perdura
que trago curtida no coco
pra disparecer o quengo
no arrebentar das ideias
Dispôs, depois não reclama
pois a vida é dura
muito mais que o coco,
na quebrada das horas
no calejo das mãos
na subida do coqueiro
na peleja da lida
Ainda assim,
permaneço atento,
não bato o catolé
não arredo da laia
arrodeio da lama,
feito caranguejo
de frente à quenga da vida
De sobra, ralo o coco,
misturo no mel de cana, de engenho
oh, menino, passa cá a quenga de coco,
vou fazer uma cocada
pondo açúcar e limão.
Se quero cocada preta,
ponho no fogo um tempão
Se preferir, pode ser
com rapadura batida
que no fogo essa mistura
vira logo um quebra-queixo,
puxa-puxa esse moleque
que a vida tem razão,
se a menina nos convida
a saber se o coco é oco.
deixe de lado o dengo.
Mas como sabê-lo, sem prova
se não esquentar o quengo?
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