LUDUGERÁVEL POETA, SONHADOR EM ACORDES,
João Maria Ludugero.
Eu sei que traço uma poesia fortemente engajada na trilha da alma varzeana.
Talvez o estio em abundância, a leva da lida varzeana alimentem, dia-após-dia, a prontidão dos fios da meada dos versos de João Maria Ludugero.
Porque há em evidência nos meus textos a tangência do fôlego de esperança que só os poetas e adivinhos pressentem ao afastar o medo da cuca, sem carecer de ser cabotino nos meandros de sua poesia.
Porque num mundo de aprendizado é preciso cuidar das palavras como se, no seu ventre, elas trouxessem o núcleo prenunciador de uma outra seara.
Assim, quase tudo em minha escrita quer voar. Minha gente, pessoas jovens, adultas e grisalhas, os lajedos de pedras ao limo, o fogo, a casa situada pela Várzea das Acácias. Porque meus versos sugerem um ritual de iniciação ao belo, uma reaprendizagem do fascínio.
Isto posto, reafirmo de pronto e o arteiro poema confirma: sonhar é uma imitação do voo liberto, sem gaiolas, fojos ou arapucas...
Só o verso alcança a harmonia que supera os contrários - a condição de sermos terra e a aspiração do eterno etéreo. O poeta vai e a pedra lhe concede a inspiração. Toca no fogo e lhe empresta a ideia da febre da água, como que visando amenização.
De tal sorte, sobrepuja a magia de quem recusa a condição terrestre, ilusão da eternidade, pois, de certo, as aves e os sonhos não envelhecem. É feliz a idade nova que se achega além das asas da penumbra.
Sou, pois tradutor de uma caligrafia que só a pluma da asa pode redigir, reinventa as imensas paisagens do seu torrão, a geografia da ternura que só os pássaros sabem percorrer. E, de nesse diapasão, voo até fora da asa, sem temer assombração.
Pois, a correr dentro e alto em regalias metafóricas, João Maria Ludugero não escreve apenas sobre aves por ter um coração passarinheiro. Escreve em pássaros, a esvoaçar, dentro e alto com o poema alegrando o coração, contenta o ambiente por onde passa. Daí as trevas se dissipam, o choro dá lugar ao riso, a angústia à esperança, a dúvida à confiança absoluta. E por aí, adiante se aventura com sua temperança em escrever seus versos e textos a ganhar o mundo, com sua alma de menino medonho...destemido e levado da breca.
Isso é o mais importante, o que realmente tem valor, o cenário para a verdadeira
felicidade não delimitada ao voo das palavras que se agregam consentidas a voar pelo vão do interior de uma aconchegante escrita. E assim catapulta seus poemas, a abrir celas, porteiras e cancelas... de sentinela ao voo, indo além do horizonte!
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