SAUDADES EM ACORDES DE SONHOS,
por João Maria Ludugero.
Não me desassossego quando a perfeição desse teu voo
Roça a Várzea que me envolve. Mas, afinal, o que sentes agora?
Há sempre a saudade nestas coisas da vida,
Mesmo a mais silenciosa, e, nesta lida de incessantes procelas,
Olhares ultrapassam a linha do horizonte da minha Várzea.
A cada retorno aumenta a distância entre as margens estanques,
Paradeiros que se esbugalham além do apogeu do estio,
Enquanto me descanso do outro que me habita,
Regressam ecos de recordações, alguma morte derradeira,
O que procuras pelas memórias já tão gastas, oh, coração partido?
Perguntar-me-ias por entre cirros que tapam a sombra
Da algarobeira da praça do encontro.
Saberei sempre voltar a colher cajus ou cajás,
Um balaio de mangas no Itapacurá
Pelo vão dos ariscos ou dos Seixos,
Ou próximo aos lajedos e lagoas compridas,
Acolhendo meus passos em volta,
Em mais um crepúsculo que se esgota,
Sorrateiro, silencioso, nostálgico…
E, mesmo que a viagem prossiga depois,
Ou, que a manhã esconda a Estrela Dalva,
Digo-te, sem nenhum medo da cuca atroz
Que o silêncio que me habita ainda está acordado
Por estes agrestes por onde eu me acho a reverdecer
Além mais, dentro e alto, nesta seara de Ângelo Bezerra,
Muito bem dentro do horizonte da minha Várzea amada!
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