ENREDO,
por João Maria Ludugero.
Solenemente discorrem os pensamentos,
Respiram as letras em lavras de palavras,
Cabendo na inspiração das ideias,
Vão-se unindo uma a uma,
Como que se somatizando
A tingir o céu da boca,
Investindo de cabo a rabo,
Dentre eiras e beiras,
Na distinta coragem de dar seguimento
Ao que consente o coração alado…
Dia-após-dia, num instante
Conjugam-se verbos,
Adjetivos, superlativamente relativos,
Advérbios de modo se instalam,
Impropérios a rodear ações
De repente se pintam as telas,
As frases, as prosopopeias,
As interessantes melodias,
As teias da imaginação
Esbanjam, sem ser cabotinas,
Discorrem escorrendo, arteiras,
Entre penadas de vento da canção,
Pelos nichos dos bem-te-vizinhos
Pelo interior dos textos moldados,
Pelo vão do sentimento aberto
Dando rasteira nas tristezas da lida,
Dentro e fora da asa do passarinho
Expedem-se mensagens pertinentes,
Constroem-se página a página,
Frase a frase se alinham,
Por fios de meadas inertes ou atrozes,
Por vezes esbugalhados em êxtase
E assim, repletos de tudo,
Ou de nada, pelas bermas
A ganhar o mundo inteiro
Ou a estrada em cada pincelada
Ninhos, regalias e relíquias
Dos nossos benditos relicários,
Alegorias desta vida em lume
De sonhos, desejos e edições
Sem o prelo do escancarado enfado
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