ERRO MEU NUM 'MALEDETO' CASO DE AMOR,
por João Maria Ludugero
Sem rumo andei por muito tempo, a correr dentro,
No alçapão, na gaiola e no fojo de muitas prisões;
Depois de tantas luas, depois de tantos sóis,
Durante muito tempo busquei na praça do encontro
O construtor destas minguantes celas.
Em muitas esbaforidas encarnações
Lutei pela luz do pleno habite-se do amor,
Em vão busquei a ilusão da astuta morada
Na procura de descobrir a fonte da erva-daninha
De onde provinha o assanhado enfado da existência.
Mas agora te reconheço, maledeto,
E me presto a amortecer as dores!
Já não careces mais construir
Para mim a casa da estricnina.
Sim, o erro bem-bolado se desfez de uma vez
E todas as correntes do sofrimento ganharam zás!
Assim se romperam, ao se quebar o pote da fantasia...
Pelas bermas do desencanto ao desvario
Nem mesmo o nicho da tua casa existe mais;
Ela não passava de uma esboço vão em ruínas
De minha própria pessoa em perdidas garatujas.
Estou liberto das teias-de-aranhas da perdição
E agora vou em paz sem mais santas peçonhas
Rumo à plena realização, a partir de outro coração,
Encontrei a melhor parte de mim: o amor-próprio!
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