Seguidores

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

MEMÓRIAS DA VÁRZEA: FUTEBOL DE AREIA

E o rio Joca, ao estio, quase seco,
um resto de riacho efêmero
ainda se deixava escorrer quase poço,
escorregando como um espelho
na direção do coqueiral.
Sentiam-se abençoados os que ali viviam.
Havia uma alegria nata e a serenidade do mundo
para os que ali respiravam.
Contentes também os que ali se encontravam
para desfrutar dum fim de tarde como aquele,
onde se sentia que por um momento,
pelo menos por instantes,
a harmonia do mundo poderia ser realidade.
E a gente chegava ali sem precisar ser convidado,
aos magotes, sem arengas,
e mesmo descalços, dava para sentir
o prazer de pisar naquela areia morna,
correr atrás da bola puída e se sentir dono
do pedaço daquele chão, digo,
do leito do rio Joca ao vapor.
E éramos uns vinte ou mais
a não se preocupar com mais nada,
a não ser em chutar ao gol sob a tarde varzeana
que o sol alaranjava no poente.
Brincar ali fazia um grande bem.
Era o nosso maior presente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário