Ao cair da aurora,
Minha avó Dalila já acordava ao quintal
cuidando da horta, falando às plantas.
Ela ordenhava a vaquinha mocha
e enchia minha caneca de ágata
de leite quentinho
que eu tomava fazendo o bigode,
ainda esfregando o sono dos olhos,
antes de trepar nas goiabeiras
artimanhando estripulias de moleque
levado da breca, a catar os ovos
e a assanhar as galinhas.
Minha caneca era de ágata
de um azul-que-não-mais-existe.
O tempo descascou suas bordas
e buliu até mesmo com a tinta do bule.
Agora, só ficou na minha memória,
nesta vontade de voltar a Várzea,
só pra recordar minha avó Dalila
colhendo o dia, no correr das horas,
falando com o jerimunzeiro,
cantando para fazer crescer os tomates,
assobiando ao vento sua alegria,
inventando cantigas de puxar a lida
e eu a receber a caneca de suas mãos
repleta assim de poesia tão singela
a me servir das broas de milho,
de tapiocas de coco no alguidar
de coalhadas e do leite azedo,
do pão molhado no café-com-leite.
Minha vida. Estou aqui, vó:
eu careço dessas regalias a me ninar,
deixar-me levar pelos cascos do tempo,
assim quem sabe vou poetizando incansável,
a empunhar minha caneca de ágata,
sem chorar o leite do passado, a contento,
vou sorrir de novo, a limpar a espuma do bigode,
vou até lamber as sobras das tigelas, a dedo.
Minha avó Dalila já acordava ao quintal
cuidando da horta, falando às plantas.
Ela ordenhava a vaquinha mocha
e enchia minha caneca de ágata
de leite quentinho
que eu tomava fazendo o bigode,
ainda esfregando o sono dos olhos,
antes de trepar nas goiabeiras
artimanhando estripulias de moleque
levado da breca, a catar os ovos
e a assanhar as galinhas.
Minha caneca era de ágata
de um azul-que-não-mais-existe.
O tempo descascou suas bordas
e buliu até mesmo com a tinta do bule.
Agora, só ficou na minha memória,
nesta vontade de voltar a Várzea,
só pra recordar minha avó Dalila
colhendo o dia, no correr das horas,
falando com o jerimunzeiro,
cantando para fazer crescer os tomates,
assobiando ao vento sua alegria,
inventando cantigas de puxar a lida
e eu a receber a caneca de suas mãos
repleta assim de poesia tão singela
a me servir das broas de milho,
de tapiocas de coco no alguidar
de coalhadas e do leite azedo,
do pão molhado no café-com-leite.
Minha vida. Estou aqui, vó:
eu careço dessas regalias a me ninar,
deixar-me levar pelos cascos do tempo,
assim quem sabe vou poetizando incansável,
a empunhar minha caneca de ágata,
sem chorar o leite do passado, a contento,
vou sorrir de novo, a limpar a espuma do bigode,
vou até lamber as sobras das tigelas, a dedo.
Que lindo! Voltei para minha infância... sítio da minha bisavó... minha canequinha de alumínio... depois, quando mocinha é que foi de ágata... as verduras, a horta, a fruta no pé, o leite direto da teta da vaca... isso não volta mais! Infelizmente! Abraço, Célia.
ResponderExcluirMaísa Cavalcanti Coelho comentou:
ResponderExcluirLudugero,
Dá pra ver que infância bem vivida
você deve ter tido! beijos
Maísa.
Wagner Marim,
ResponderExcluirda Casa da POesia disse:
João Maria Ludugero,
Rapaz! Você até me fez relembrar meus tempos de infância. Belas recordações: caneca de ágata, pão molhado no café com leite que chamávamos de sopa de pão, goiabeira e muito, muito mais!
Wagner
Thank very much for your coment, now I`m in your personal blog. Your word is fantastic.
ResponderExcluirMaribel