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sexta-feira, 13 de maio de 2011

CHEIROS DO ITAPACURÁ

Sim, eu nasci com um olfato bem apurado.
Desde cedo eu gostava de sentir os cheiros
Que beiravam as estradinhas de terra.
Eu gostava de ir da Vargem à margem do rio Joca
Buscar um cheiro de mato no meio dos juncos.
Era essa aragem campestre que me levava ao Itapacurá,
Onde ficava a casinha simples do tio João Pequeno.
Paisagem singela rodeada de cheiros silvestres,
De mato verde, de hortas e de frutos maduros.
Além de flores de laranjeiras
Exalando cheiros da manhã.
Aromas que atravessavam 
Os vertentes olhos d'água
Que iam dar no curral perto de casa.
E adentravam os corredores da tapera,
Numa arenga do tempo a se espreguiçar manso,
A se enramar pelos melões-de-são-caetano nas cercas verdes,
Pelos jiraus e bicas a fora, sem avexar esse moleque menino
Afoito a correr, desgarrado entre águas-de-cheiro e ruídos, 
Até se achegar às flores frescas dos jarros de dona Zefinha,
A adornar a mesinha do oratório da sala de bem-estar,
Onde imperava a moldura da Sagrada Família:
O Menino Jesus, a Virgem Maria e o divino São José. 
E agora o que me ampara, de fato, 
É perpetuar meu gesto inquieto,
A fazer versos como quem reza,
Feito aquele devoto varzeano, 
Ainda me seguro na Fé
Que nunca me deixa desmoronar. 
E assim me levanto nesta Poesia
Recaindo em lembranças
Na fixação daqueles aromas e perfumes,
Que me enlevam a viajar longe, longe, 
Só pra sentir bem de perto o meu Itapacurá.   

7 comentários:

  1. Prezado poeta João Ludugero,
    Seu blog é cultura. Lendo e aprendendo, não sabia do significado da palavra Itapacurá. Fui fundo, inventei de pesquisar.
    Estudado, pesquisado e comprovado: O nome Itapacurá é de origem indígena, e faz referência às muitas pedras existentes no leito do rio que afunilam o fluxo de suas águas.
    Estudando a língua Tupi-Guarani descobri o seguinte: que I (substantivo) é rio, água;
    ITÁ (substantivo) é pedra;
    PA (substantivo) é espaço;
    CURA (verbo) é tampar, fechar.
    Fazendo a aglutinação das palavras indígenas teremos: I (rio) + ITA (pedra) + PA (local) + CURA (fechar, tampar), ou seja, Itapacurá”.

    Adorei seu poema! Excelente texto cheirando a natureza verde. De reverdecer a alma da gente.
    E cultura nunca é demais!
    Forte abraço,
    Carlos Leonel Fioravanti

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  2. Ó poeta, como tua palavra é lume!
    Tua memória é agora. E o agora tem cheiros do teu Itapacurá. E é doce e potável a água de tua nascente. Se alguém duvida, que observe a tua tirada inteligente quando algumas pétalas de bem-me-quer deslizam solenes e mansas na manhã do teu doce riacho do Itapacurá.
    Teu poema é cedo, é sonho acordado no coração. Por isso vim aqui, e não me arrependi. O que li me encantou muitas vezes. E só foi numa lida. Encontrei a procurada viva flor, da poesia e da serenidade que teu poema oferece de sobra. És único! Tudo aqui está lindo, no seu lugar, cumprindo o seu destino de ser bonito em versos, de frente.
    Maria Antonia Bernardes,
    Escritora.

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  3. Mis estimados:
    Parece que Blogger ha retomado el control de su sistema... No quedó nada de la actualización o los comentarios anteriormente dejados, así que los invito a que (esta vez sí si tienen verdaderas ganas) darse una vuelta por el blog y leer (comentar, ¿por que no?) La bicicleta.
    Esto ha sido MUY extraño, espero no se molesten por esta segunda invitación.
    Los espero y les agradezco por la paciencia y el cariño.
    Humberto.
    www.humbertodib.blogspot.com

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  4. Convidaste eu vim... Agradeço e retribuo! Seja bem vindo, amigo! Luz e Paz!

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  5. Muito bom seu poema inspirado nos cheiros do Itapacurá! Dá pra sentir daqui e nos leva longe, a viajar em aromas da terra. Que poesia linda e extasiante! Que bons ares vir aqui. Beijos.
    Letícia Cruz Mello

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  6. Este poema dá até vontade de pegar a estrada e sentir o cheiro da terra..=)
    Adorei

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  7. Que bela simbiose...senti o aroma!!

    Bom Domingo
    e
    Um Beijinho
    da
    Assiria

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